fbpx
Pular para o conteúdo

Finanças: Bolsonaro mudou

Image

A última sexta-feira foi bem agitada, misturando Donald Trump contraindo Covid e bate-boca entre Guedes e Marinho.

O final de semana acabou sendo uma sequência de boletins médicos a respeito da saúde do Presidente americano, com ida ao hospital e posterior saída. Notícias de risco de vida não faltaram.

Aqui, no Brasil, o final de semana teve Bolsonaro tentando acalmar os ânimos entre seus dois ministros. Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento, havia dito na sexta-feira que o programa Renda Cidadã sairia do papel “por bem ou por mal”, além de tecer várias críticas ao Ministro da Fazenda Paulo Guedes.

O mercado entrou em pânico com a fala contundente, desvalorizando o real, aumentando os prêmios na curva de juros e derrubando a Bolsa.

Guedes retrucou, dizendo que o programa não pode ser financiado por puxadinhos, criticando a ideia da rolagem dos precatórios, além de seguir com críticas a Marinho.

Não faltaram manchetes dizendo que agora, sim, Guedes cairia e que Bolsonaro realmente havia mudado, abandonando o fiscalismo e focando nas eleições.

O fato é que, independentemente de Bolsonaro ter ou não mudado, o mercado cansou.

Antes, pela âncora liberal representada por Paulo Guedes, o mercado aceitou um aumento de gastos pesados por conta da pandemia, além de notícias de aumento de salário do judiciário, entre outras. Agora, a gota d'água foi despejada, e o mercado não dá mais o benefício da dúvida para essa gestão.

Ou o governo se posiciona, mostrando qual será a forma de financiar os enormes gastos fiscais incorridos, além dos programas sociais, ou os prêmios de risco no país seguirão subindo.

A falta de um posicionamento crível já bateu inclusive no Banco Central.

Na sexta-feira, o Presidente do BC, Roberto Campo, falou em discurso que, sem uma trajetória positiva para o fiscal, a política monetária e seu forward guidance não funcionam.

Caso o governo insista em políticas populistas e em um aumento de gastos, podemos ver, sim, a Selic subindo em breve. Basta que o mercado siga pedindo por maiores prêmios de risco.

Lembrando que o Tesouro já vem sofrendo para colocar a enorme quantidade de papéis no mercado, para financiar o seu grande aumento de dívida. Mas como os juros caíram, a taxa paga pela dívida pública brasileira também caiu.

Porém, se colocarmos uma trajetória de alta para a Selic, o custo da dívida pública também aumentará significativamente, comendo ainda mais o espaço de investimentos e programas sociais.

Como bem lembrou Paulo Guedes na sexta-feira, cada 1 por cento a mais de Selic representa 80 bilhões a mais de gastos para o Governo. Ou seja, o equivalente a mais de dois Bolsas-Família.

Não chegaremos a lugar nenhum com aumento irresponsável de gastos. Estamos carecas de saber disso, depois de termos passado por uma das mais profundas crises econômicas em 2014/2015.

Mas sabe como é. O Brasil é o país onde não se aprende com os erros do passado. O país da memória curta. O país em que se fazem as mesmas políticas, esperando resultados diferentes.

Onde isso tudo vai dar? Eu não sei. Dependerá muito da boa vontade de Bolsonaro em seguir a linha de controle fiscal.

Mas o recado mais importante que eu quero te passar hoje é: não dê uma de herói!

Estamos muito próximos do abismo. Podemos pular, ou não.

Entretanto, se as coisas derem errado, o prejuízo será tão grande e o mercado irá para preços tão irracionais que, não importa o tipo de investidor que você é e o quanto você aguenta volatilidade, isso lhe dará uma mega dor de barriga.

Lembre-se de que, em 2016, as taxas prefixadas longas chegaram a 17 por cento (e hoje estão em 7 por cento).

Siga com uma diversificação importante, com posições conservadoras, com pensamento em proteção de capital, com ativos de risco baratos e com margem de segurança.

Agora, mais do que nunca, ter acompanhamento profissional vai resultar em uma baita diferença de performance.

Ganhar dinheiro no mercado é difícil. Hoje em dia, está ainda mais difícil.

Você não precisa entrar todo dia para ganhar um caminhão de dinheiro. Principalmente quando o mar não está para peixes, ou melhor, para sardinhas.

Entre grande em um mercado assimétrico a seu favor (oportunidades maiores de ganho) e fique parado na moita quando o mercado estiver desafiador.

Eu falei para vocês, no vídeo da Evolução das Sardinhas, que nós, pessoas físicas, tínhamos nos saído muito bem durante a crise.

Compramos na mínima! Aguentamos os riscos e triunfamos depois, quando o cenário ficou mais claro. Compramos barato e com margem de segurança. Depois, devolvemos o que tinha subido muito para os tubarões, quando começaram a aparecer os riscos fiscais.

Por acaso vocês já olharam a performance dos Fundos dos Tubarões nesse último mês?

Está lastimável!

Nem os espertos Tubarões ganham dinheiro em um mercado ruim assim.

Eles, ao contrário de nós, precisam mostrar serviço, correr atrás da performance e justificar as taxas cobradas.

Nós, sardinhas, já performamos! Não precisamos provar nada a ninguém.

Deixemos o mercado ruim para os “espertões”.

Postado originalmente por: Nord Research