No momento em que a crise se transformou em pandemia os veículos da grande imprensa, como os jornais, aparecem como a fonte de informação mais confiável para a maior parte (64%) das populações de dez países, entre eles o Brasil, segundo nova pesquisa da Edelman.
A pesquisa foi realizada entre 5 e 10 de março, portanto antes da percepção das pessoas sobre a periculosidade do novo coronavírus. Naquele momento, o Brasil não acompanhava a tendência global, e 64% preferiam as informações nas redes sociais, seguidas pelas organizações de notícias (59%) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na prática, o comportamento dos brasileiros seguia uma tendência anterior à pandemia, verificada em vários países nos últimos anos: a de baixa credibilidade das organizações de notícias e das fontes de conhecimento, como a ciência.
Agora, do ponto de vista global, as principais organizações noticiosas têm, de acordo com o relatório especial Edelman Trust Barometer sobre o Coronavírus, quase duas vezes mais credibilidade do que a OMS ou autoridades sanitárias nacionais. Amigos e familiares e mídias sociais ficam muito atrás, exceto em países em desenvolvimento, como é o caso da África do Sul.
Sete a cada dez entrevistados estão seguindo notícias sobre o coronavírus na mídia pelo menos uma vez por dia, sendo que 33% dizem que estão checando várias vezes ao dia. Essa frequência sobe em países como Itália, Coreia do Sul e Japão, que tiveram surtos maiores. Os brasileiros estão atrás. Um pouco menos de sete entre dez seguem o noticiário, com apenas 26% desse total preocupados em verificar várias vezes ao dia.
Há ainda inegável preocupação com fake news e informações falsas sobre o coronavírus sendo espalhadas nas redes sociais (74%) – no Brasil, o medo é maior e chega a 85%. Jovens, diz o estudo, confiam igualmente nas mídias sociais (54%) e na mídia tradicional (56%), enquanto as pessoas com mais de 55 anos classificam a mídia tradicional como quase três vezes mais confiável do que as mídias sociais.
Outro dado revela que porta-vozes com mais credibilidade, entre eles cientistas e médicos – principais fontes da imprensa – estão entre os mais confiáveis, juntamente com funcionários da OMS. Entre os pesquisados, 85% afirmaram que querem ouvir mais os cientistas e menos os políticos.
Representantes do governo e jornalistas, entretanto, estão na lanterna no ranking de credibilidade, com menos de 50% de confiabilidade.
A pesquisa foi realizada na África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
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