O Cruzeiro aguarda a homologação do seu plano de credores junto à Justiça do Trabalho. O documento detalha os números apresentados pelo time mineiro para buscar equacionar seu passivo trabalhista.
No documento, o Cruzeiro considerou R$ 468 milhões em dívidas cível, trabalhista e financeira nos dois Regimes Centralizados de Execução – um na parte trabalhista e outra na parte cível.
O clube ainda explica que, para cálculo do repasse de receita da S.A.F. para associação, foi considerada a receita líquida caixa como base de cálculo dos 20% que devem ser repassados.
Na parte trabalhista, são mais de R$ 183 milhões previstos de passivo, entre reclamações na Justiça e extrajudiciais. No documento, o clube apresentou ter 96 casos judicializados. Outros 370 casos não estão incluídos em discussões judiciais.
O Cruzeiro também elaborou uma lista de credores que o clube acumula, entre pessoas físicas e jurídicas. Um nome chama a atenção: Lucas Silva. O volante, atualmente no Grêmio, tem uma ação aberta com o Cruzeiro, desde o ano passado, mas a mesma segue em segredo de justiça.
O caso está no plano de credores com status de acordo em R$ 770.419,40, sendo que R$ 7.225,06 estão em depósito judicial.
Na parte trabalhista, o clube separou seus credores em classes e subclasses, e detalhou a forma de pagamento:
- Grupo 1:Deságios de 30% (quitação em até seis anos)
- Grupo 2:Deságios de 45% (quitação em até quatro anos)
- Grupo 3:Desconto de 60% (pagamento à vista)
- Grupo 4:Fornecedores parceiros (ex-jogadores e funcionários, com quitação até cinco anos) – dívida: R$ 89,4 milhões
- Grupo 5: Trabalhista Judicializado – dívida: R$ 102,636 milhões
- Grupo 6: Cível Judicializado – dívida: R$ 52,531 milhões
- Grupo 7: Trabalhista não judicializado – dívida: R$ 80,295 milhões
- Grupo 8: Cível não judicializado – dívida: R$ 165,716 milhões
Os primeiros três grupos do plano são daqueles credores que optaram por negociar o pagamento do valor que reclamam com descontos.
O Cruzeiro propõe que, no grupo “trabalhista judicializado”, a divisão de credores ocorra em dois subgrupos. Um com débitos abaixo de R$ 50 mil e outro com débitos acima de R$ 50 mil.
O plano de pagamento, daqueles que não oferecerão desconto, foi proposto ao Cruzeiro desta forma para os próximos três anos – prevendo que o clube voltará à Primeira Divisão do futebol brasileiro e terá aumento de receitas (já excluindo a retirada de impostos e antecipação de receitas):
- 2022: R$ 99,1 milhões
- 2023: R$ 186,9 milhões
- 2024: R$ 244 milhões
Nestes três anos, o clube propõe a forma abaixo de fluxo de pagamento aos grupos. O Cruzeiro prevê que terá R$ 19,8 milhões (2022), R$ 37,4 milhões (2023) e R$ 48,8 milhões (2024):
- Fornecedores e parceiros: R$: R$ 10,8 milhões (2022); R$ 21,2 milhões (2023) e R$ 27, 7 milhões (2024)
- Trabalhistas judicializados: R$ 3,2 milhões (2022); R$ 6,2 milhões (2023); R$ 8,1 milhões (2024)
- Cível judicializado: R$ 1,3 milhões (2022); R$ 2,5 milhões (2023); R$ 3,3 milhões (2024)
- Trabalhista não judicializado: R$ 600 mil (2022); R$ 1,2 milhões (2023); R$ 1,6 milhões (2024)
- Cível não judicializado: R$ 3,2 milhões (2022); R$ 6,2 milhões (2023); R$ 8,1 milhões (2024)
No último dia 07, a Justiça concedeu vista ao Ministério Público do Trabalho e aos sindicatos das categorias profissionais, representantes dos credores trabalhistas, para se manifestarem num prazo de 20 dias sobre o regime centralizado proposto pelo clube mineiro.