Alguns dias atrás eu recebi um vídeo cômico, apesar de triste. Contava a história de uma família que adotou uma galinha como seu animal de estimação e que fora furtada juntamente com outros objetos. A dor ocasionada pela perda era evidente, mas a forma como foi apresentada tornava engraçada o problema.
O vídeo do Whatsapp era uma cópia de uma reportagem feita na cidade de Passos. Uma casa havia sido vítima de furto, alguém surripiara uma panela, alguns utensílios e a galinha que tinha nome pelo qual era carinhosamente chamada. No relato de uma das moradoras da casa a galinha dormia num berço, tinha mosquiteiro e ventilador. Sua alimentação era equilibrada, não comia restos de comida e acompanhava suas donas em todos os lugares. Era tratada como alguém da família, com todo cuidado e total estima.
O que torna a filmagem engraçada é o fato da dor de uma família que valorizou um animalzinho que para a grande maioria das pessoas é apenas tido como comida. A expressão de apego, de valorização, de amor por uma pobre galinha é realmente curiosa e provoca o riso em muitas pessoas. Agora como podemos mensurar a dor de uma pessoa? É possível julgar o valor de algo mediante nossos valores? Podemos de alguma maneira dizer que alguém não está sofrendo por causa de algo tão pequeno ao nosso olhar?
Certa vez eu chorei muito por ter perdido um lápis que eu havia entalhado. Tinha conseguido fazer uma cópia quase que exata de um totem de uma foto do meu livro de geografia. Depois de um tempo fiz outro, e alguns dos meus colegas pediram que eu fizesse um para eles. Não chorei mais por algo que eu poderia refazer, mesmo que não fosse idêntico. Mas entendo que para mim a dor da perda foi profunda, pois imaginava não conseguir mais obter o mesmo resultado se tentasse novamente.
Jó estava inconsolado, as palavras que vinham aos seus ouvidos não traziam conforto. A dor era intensa, ao ponto de muitos reconhecerem que com palavras não era possível consolar o coração de Jó. No capítulo dois os amigos de Jó apenas se assentaram junto a ele, pois sabiam que a dor era tão profunda que não era possível confortar com palavras. Será que você já se sentiu assim? Tanto com dor, quanto sem palavras? Eu já, muitas vezes. Muitas vezes nenhuma palavra poderia me confortar, e noutras tantas as minhas articulações verbais não trariam consolo. Então quais foram minhas atitudes naquele momento?
Primeiro quando minhas palavras não se faziam suficiente apenas me mostrei presente diante do sofrimento de alguém que me cercava. Apenas fiquei do lado, cedi meu ombro, igualei meu sorriso ao do sofredor. Se ele demostrava seu luto, tive luto com ele. Ao mostrar-se apático, eu fui fleumático como ele era. E ao tentar expressar um sorriso, esbocei um com ele. Ou seja, só estive presente e nada mais.
Segundo, permiti Deus falar através de mim usando sua Palavra como fonte de conforto. Pois ela sim penetra até a divisão de nosso corpo, alma e espírito. Talvez você não tenha palavras, mas o Senhor tem, e você pode ser usado para confortar os corações, trazer ânimo, paz e vida. Pense nisso e reconheça o momento de ficar calado e o momento de transmitir palavras que confortam o coração. E acima de tudo permita que o Espírito Santo conforte o seu coração diante de um problema.
Um grande e forte abraço!
Nos amorosos e reais laços do amor de Cristo.
Rodrigo Fonseca
Andrade
Um servo que segundo o poder
de Deus já consolou com palavras e muito mais em
silêncio.