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Violência contra a mulher e a romantização do relacionamento abusivo

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Foto: Pixabay

Um relacionamento abusivo tem como característica o excesso de poder que uma pessoa tem sobre a outra dentro de um relacionamento afetivo, pelo qual um parceiro extremamente ciumento quer controlar as atitudes e decisões do outro, fazendo com que se torne submisso à ele e tentando isolá-lo do restante do mundo.

Diante de algumas das características dos relacionamentos abusivos serem normalizadas pela nossa cultura, é difícil para as próprias vítimas entenderem o que se passa com elas e só tomarem conhecimento da gravidade da violência quando a agressão além de psicológica passa a ser também física. A romantização desse tipo de relacionamento é comum e diz respeito à modificação de uma realidade violenta e problemática para um formato de romance, como um tipo de embelezamento do abuso, tornando-o sedutor e desejável.

 A divulgação dessa mensagem é frequentemente presente no dia a dia das pessoas, através da música, cinema, TV, literatura e entre outros meios, muitas das vezes não sendo recebida de forma apropriada. Sendo assim, a romantização do abuso é capaz de introduzir rótulos de um relacionamento ideal, reforçando o discurso machista de que só existe um tipo de mulher para se relacionar, e que qualquer comportamento fora do padrão é inaceitável. Abalando a liberdade que a mulher tem sobre si mesmo, o seu corpo, sua forma de pensar e se comportar, como também a sua personalidade, fazendo com que seja em benefício de agradar o companheiro. Esses meios dão a entender que esse tipo de violência faz parte da realidade das mulheres, contribuindo para mais uma forma de culpar a vítima pela violência sofrida e justificando as ações do agressor. Sendo uma situação, além de tudo, irresponsável, se tornando um incentivo que a vítima continue a se relacionar com o parceiro violento.

Na primeira fase do relacionamento a mulher muitas das vezes não tem compreensão da gravidade da violência que está passando por se tratar de algo verbal e com isso se culpa pela reação do parceiro. Depois, começam a surgir as primeiras agressões físicas e, nessa segunda fase, a maioria delas já consegue se enxergar dentro de um relacionamento abusivo e vai em busca de ajuda, entretanto, o maior problema surge na terceira fase, que é a lua de mel, pois é quando o agressor pede desculpas, muda de comportamento e a mulher se ilude acreditando que o parceiro mudou e que o abuso não irá se repetir. Diante disso, é necessário ressaltar que o relacionamento abusivo é marcado por esse ciclo, e o que antes era somente violência psicológica passa também a se tornar física.

Com isso a associação Meu Amar tem por objetivo ajudar mulheres vítimas de violência a identificar esse padrão de comportamento e através do grupo terapêutico trabalharem nos fantasmas dessa relação, fazendo com que cada vez mais mulheres tenham autonomia e se sintam seguras para que possam assumir o papel de protagonistas de suas vidas.

Texto – Fernanda Rodrigues Coelho – Psicóloga Clínica