Nos 60 anos da ditadura civil-militar no Brasil, a TV Candidés preparou uma série de reportagens sobre os reflexos e consequências dos anos de chumbo em Divinópolis. No primeiro episódio, conheça a história de Carlos Schirmer, morto na cidade em maio de 1964.
No dia 31 de março de 1964 uma rebelião, iniciada em Juiz de Fora, e que reuniu tropas no Brasil inteiro, culminou com a saída do então presidente João Goulart e o início da Ditadura Militar no Brasil. O período, marcado por mortes, repressão e tortura durou até 1985.
Ao contrário do que muita gente acredita, os reflexos e consequências da Ditadura não se restringiram as capitais e aos grandes centros. Cidades do interior também tiveram suas vozes de resistência. Durante a década de 1960, Divinópolis já se figurava como uma das cidades de maior destaque na região. Sua população era de aproximadamente 53 mil habitantes, 80% em área urbana.
Um dos primeiros mortos pela Ditadura
Carlos Schirmer nasceu em Além Paraíba, em dia 30 de março de 1896. De pai austríaco, cresceu em fazendas de café e ainda jovem se tornou eletricista da Rádio Mayrinck Veiga no Rio de Janeiro. Especializou-se na montagem de usinas hidrelétricas e trabalhou em diversas cidades, até chegar em Divinópolis na década de 1920. Mesmo período em que se filiou ao Partido Comunista Brasileiro.
No dia primeiro de maio de 1964, por volta das oito da manhã, a polícia foi até a residência de Carlos Schirmer, na rua Serra do Cristal, no Centro. Alegaram que ele tinha armas guardadas e que deveria ser levado até a delegacia. A polícia disse que houve resistência e Carlos se escondeu dentro de casa. Ele foi encontrado na oficina onde trabalhava e houve troca de tiros. A versão oficial da morte foi suicídio.
Baleado, Schirmer foi levado para o Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, onde morreu no mesmo dia. O corpo foi enterrado em Carmo do Cajuru.
