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Mandetta diz a Bolsonaro que, enquanto for ministro, vai contrariá-lo se orientação não for técnica

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O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, divulga dados atualizados sobre novo coronavírus no país

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, avisou ao presidente Bolsonaro que faria um “freio de arrumação” durante a entrevista coletiva deste sábado (29) com a equipe da pasta sobre o combate o coronavírus.

Desde a última quarta-feira (25), um dia após o pronunciamento do presidente na TV que contrariou autoridades de saúde e o próprio ministério do governo de Bolsonaro — atitude que deixou políticos perplexos —, Mandetta estava sendo cobrado por uma posição dura, que reverberasse o trabalho dos técnicos de sua equipe.

Mas a resposta técnica do ministro não veio nas 24 horas que se seguiram ao pronunciamento presidencial. Pelo contrário: Mandetta, em entrevista coletiva na quarta-feira, se ajustou ao tom do discurso politico do presidente, afirmando que havia exageros no confinamento social para combater o coronavírus.

A reunião no Palácio da Alvorada foi tensa, com o objetivo de anunciar um “reposicionamento técnico” do chefe do Ministério da Saúde. Mandetta, segundo o blog apurou, disse ao grupo presidencial, que contou com ministros da ala militar, o presidente Bolsonaro e o presidente da Anvisa, que, enquanto estivesse à frente do Ministério da Saúde, goste o presidente ou não, iria desautorizar Bolsonaro sempre que houvesse uma declaração do chefe do Executivo na contramão do que defendem os técnicos do Ministério da Saúde.

O ministro vê no tom político do presidente uma tentativa de agradar apoiadores que o municiam com vídeos por Whatsapp pedindo o fim da quarentena para reativar a economia.

Durante a semana, Mandetta e a equipe do Ministério da Saúde estavam irritados, principalmente, com a exibição por Bolsonaro e seus filhos de caixas de remédio para combater o coronavírus sem comprovação científica. Também causou espécie ao grupo técnico a divulgação de uma campanha do governo para que as pessoas deixem suas casas para trabalhar, argumentando que o Brasil não pode parar.

Ao blog, aliados do ministro elogiaram sua entrevista coletiva em seguida à reunião de sábado. Amigos do ministro que governam estados com forte base bolsonarista, procuraram o próprio Mandetta para dizer a ele que estavam de “alma lavada” com sua mudança de tom. Mas temem uma eventual recaída do ministro, para sobreviver politicamente ao cargo, se Bolsonaro pressionar ou atacá-lo publicamente.

Sobre isso, a quem lhe pergunta, Mandetta repete que a possibilidade é “zero” de pedir para sair. Faz, ainda, uma analogia com a profissão de médico, sua formação: repete que, pelo código de ética médico, não pode abandonar o paciente. Neste caso, o Brasil. Mas deixa claro que a família, o pai do paciente (o presidente), pode trocar o médico quando quiser. Ou, ainda, o “pai” pode discordar do tratamento (orientação técnica) que o médico prescreve. Mas terá de avisar ao país e explicar os motivos pelos quais decidiu trocar o médico.