Nos últimos dias, além de todos os temas polêmicos que envolvem o país, um outro assunto dominou as conversas em algumas cidades do Sul de Minas. Moradores de Bom Repouso, Ouro Fino, Bueno Brandão, Monte Sião e Jacutinga, entre outros municípios mineiros e até de São Paulo, tiveram que lidar com a preocupação aos perigos nos relatos de um homem transvestido de lobisomem que assustava e até abordava pessoas pelas ruas.
Lendas, mitos e monstros sempre habitaram o folclore pelo interior do Brasil. Há muitos anos, se dizia que os ‘causos’ espalhavam feito rastilho de pólvora, dada a velocidade em que as ‘notícias’ corriam a cada município. Em tempos de redes sociais como WhatsApp, Facebook e Twitter, essa dimensão é infinitamente maior. Os relatos rompem fronteiras facilmente e, muitas vezes, acabam aumentando a cada nova cidade alcançada.
Bom Repouso, com cerca de 10 mil habitantes, foi o local descrito onde o lobisomem teria sido preso. Na operação de captura, a polícia contou até com o apoio de militares do exército. De acordo com o texto, o ‘monstro’ havia passado por Jacutinga, Ouro Fino, Monte Sião e Bueno Brandão antes de chegar à cidade. Detido e identificado, o relato apontava um artista de Varginha que tinha a intenção de brincar e assustar as pessoas.
“É boato. Não tivemos prisão de ninguém nesse sentido. Até no estado de São Paulo ouviram falar dessa história. Recebi mensagens através do pessoal de São Paulo e
não aconteceu nada disso. É a primeira vez que tomo conhecimento de comentários assim pela cidade”, explica o sargento Andrade, da Polícia Militar de Bom Repouso.
Seria o lobisomem de Joanópolis?
Cerca de 100 quilômetros separam Bom Repouso de Joanópolis, umas das cidades em São Paulo que fazem divisa com Minas. Alguns relatos compartilhados sobre o caso diziam que o lobisomem vinha do município paulista. O resto seria basicamente o mesmo: artista anônimo, andando pelas ruas e assustando pessoas à noite. Essa seria uma teoria até mais plausível.
Joanópolis é conhecida como a ‘joia da Mantiqueira’ e ‘terra do lobisomem’. Historicamente, a cidade aproveita o folclore para atrair turistas e brincar com a situação. “Usamos as histórias e o mito sempre amistosamente para promover o folclore e a cultura na cidade. Nunca tivemos problemas como alguém fantasiado sendo preso por furtos, agressões ou por abordar e assustar as pessoas”, diz Andréa Grunewald, chefe de comunicação do município.
Pela cidade, casas e estabelecimentos comerciais são caracterizados com fantasias. No município, em tempos de festas, artistas se vestem de lobisomem, brincando e posando para fotos com turistas. “Não tem ninguém específico que se veste (de lobisomem). Nas festas, alguém se veste para tirar fotos com turista e promover o folclore. Temos várias referências pela cidade e até uma casa do lobisomem, na Cachoeira dos Pretos, e uma Associação dos Criadores de Lobisomem”, comenta Andréa, que finaliza brincando: “Se fosse alguém daqui, acho que teríamos ficado sabendo em poucas horas.”
fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/06/13/interna_gerais,1061655/lobisomem-no-sul-de-minas-moradores-comentam-prisao-e-pm-esclarece.shtml