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Blog do Leo Lasmar – Vantagem importante, mas podia ser melhor.

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Tite tinha seu representante no Mineirão nessa quarta-feira. Mandou o auxiliar Cleber Xavier ao Gigante para o segundo Atlético x Flamengo em um intervalo de três dias. Talvez com a missão principal de analisar Arana, mas in loco, o assistente viu mesmo foi Givanildo. Hulk em noite de Hulk. Decisivo na vitória por 2 a 1 na primeira metade das oitavas da Copa do Brasil. Digno de Copa? Só Tite sabe.

Em terra de artilheiro, três jogos sem marcar parecem eternidade. Hulk vivia seu maior “jejum” de gols desde novembro de 2021. Explicou depois do jogo um dos motivos da anomalia. Há duas semanas, não está 100% e vem convivendo com dores no pé. Percalços de todo herói. Nada perto de o tirar da batalha.

E Hulk já está no Galo há tempo suficiente para entender o atleticanismo. Não importa a competição, o momento ou ocasião. Para seu torcedor, enfrentar o Flamengo será sempre batalha. Há mágoas inapagáveis neste clássico. Para combatê-las, é preciso “lutar” – não à toa foi esta a palavra escolhida para o mosaico que iluminou e incendiou o Mineirão na entrada dos rivais a campo.

Por isso, talvez quase tanto quanto o gol que inaugurou o marcador, o atleticano foi ao delírio com um carrinho de seu grande herói na lateral do campo defensivo, no meio do segundo tempo. Uma amostra do todo, em uma noite de tudo. Gol, assistência, dribles, arrancadas, vontade. Intensidade.

Intensidade que, assim como domingo, deve ter subido como adrenalina à veia dos atletas ao primeiro passo no gramado do Gigante da Pampulha. Desta vez, a impressão e sensação eram de decibéis ainda mais altos. Talvez pela noite, talvez pela festa. Mais de 50 mil vozes em tom absolutamente ensurdecedor. Uníssono. Por quase 90 minutos, incansável.

Até – e talvez principalmente – nos momentos em que o Flamengo esteve superior no jogo. E não foram raros. Comparado à última apresentação, outra equipe. Mais disposta, mais inteligente, melhor postada taticamente. Muito mais interessada em estragar a festa alvinegra.

Tal qual Fernando Diniz no resultado mais negativo da temporada (5 a 3 para o Fluminense, no Maracanã), Dorival tentou surpreender a saída de bola do Galo. Linhas altas, pressão intensa sobre os defensores e meio-campistas alvinegros. Assim o Flamengo incomodou durante boa parte do jogo, mas assim também levou o primeiro golpe.

Quem marca alto dá espaço embaixo. E em exatos 10 segundos, a bola saiu das mãos de Everson para encontrar as redes de Diego Alves. Na transição veloz, o goleiro encontrou Mariano, que ligou Hulk de forma primorosa. Na disputa de velocidade com Pablo, Rodrigo Caio e Diego Alves, melhor para o herói.

Um toque por cima que rendeu um dos raros suspiros de silêncio no Mineirão. Olhos de Givanildo, rivais e 53 mil pessoas fixos na bola. Da parábola ao chão. À rede. Explosão.

Aqui vale pausa para prestação de dignas condolências a Mariano. Em meio à festa pela vitória, o lateral descobriu o falecimento da mãe no vestiário. Acolhido pelos colegas de time e treinador, que optou por não conceder entrevista coletiva. Luto.

Além do gol, um chute despretensioso de Hulk do meio campo foi a única outra finalização do Atlético no primeiro tempo. No mais, domínio do Flamengo, por méritos próprios e aceitação dos donos da casa. Faltou ao rival maior contundência nas definições das jogadas – e também um Nathan Silva em noite menos inspirada. Ao Atlético, faltou a fome necessária para o segundo gol.

Estratégias semelhantes no segundo tempo, mas desta vez com um Galo mais consciente. Mais “afiado”. O Flamengo seguiu com a bola (fechou o jogo com 58%), mas caiu novamente na arapuca de Mohamed aos 9 minutos.

Contra-ataque de manual, bem sucedido graças à noite inspirada de Hulk. Na velocidade e disputa de corpo, fez Arrascaeta e João Gomes parecerem juniores. De cabeça erguida, cavada perfeita para Ademir ampliar. O Fumacinha havia entrado ainda no primeiro tempo após lesão muscular de Keno. Pela segunda vez seguida, deixou sua assinatura no Mineirão.

Se não sentiu o primeiro gol, o 2 a 0 fez o Flamengo ir às cordas. Era hora do nocaute fatal do Atlético, mas faltou pontaria para o último golpe. Nacho e Allan perderam boas chances. Do outro lado, Lázaro aproveitou. O gol que deu sobrevida ao Rubro-Negro. O único porém de uma noite quase perfeita (em campo, ressalta-se) para o Atlético.

O 2 a 1 não foi um resultado ruim, mas claro que poderia ter sido melhor. Vantagem mínima também é vantagem, mas não dá ao Galo o direito da tranquilidade no Maracanã. A volta promete tensão. E aliás, quem sabe isso não seja positivo. Turco e elenco já mostraram que reagem melhor sob pressão do que na comodidade. Anote no seu calendário: dia 13 de julho; mais uma final vem aí.

Por Marcelo Cardoso – GE

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