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Rascunhos da Vida: Carregando Pedras…

Já carreguei muitas pedras na minha vida. Algumas reais, outras de sobrecarga emocional ou espiritual. Pedras pontiagudas, redondas, quadradas, sem formato definido, algumas se encaixavam outras não. Pedras com propósitos, como efeito do labor, com funções específicas.

Neemias 4.1-3

Retirado do site: https://www.ipatrimonio.org/pedra-do-indaia-capela-sao-miguel-arcanjo/#!/map=38329&loc=-20.251972,-45.212853999999986,17

Não lembro minha idade, muito menos o ano, mas lembro do trajeto e do acontecimento. Minha cidade natal tem um cemitério totalmente isolado da cidade, fica no alto de uma montanha de onde é possível observar quase que a totalidade da cidade. Nela havia uma capela em ruinas, usada como cemitério familiar para pessoas que eram enterradas separadamente do restante da população. Vovó Gorducha falava que era o um lugar que nós não podíamos pisar, pois seríamos amaldiçoados se entrássemos lá (pura superstição).

Um Frei, chamado Miguel (meu amigo) começou a fazer seu ministério naquela cidade e notou a capela destruída. Mobilizou a população para reconstruir a capelinha, e assim o fez. O material para a construção pedras, e mais pedras, que eram carregadas em carros de boi, caminhonetes, caminhões, cavalos, carrinhos de mão. E em alguns casos nas mãos da população. Eu subi com duas pedras, pois era o que eu conseguia carregar na minha tenra idade.

O caminho era íngreme, me assentei várias vezes no caminho colocando as pedras como assento. Chegando ao local, muito primeiro que os carros de boi, sobre montes eram colocadas às pedras que chegavam depositei as minhas. Havia também um churrasco sendo feito, para que os carregadores das pedras pudessem comer depois da missa celebrada. Tenho no paladar o sabor dos espetinhos que foram distribuídos. Se pagos ou não, eu não sei, pois não tinha dinheiro para pagar, apenas desfrutei do que me ofertaram, ou pagaram por mim.

Se minha mente não falha, havia um carro de som improvisado no caminhão do papai, que servia de palanque para a celebração. Quem cantava as músicas que embalavam a população era Edgar e seus companheiros de “cantoria” (se não me engano Musical Primanus ou algo parecido). Era uma festa por reconstrução. No entanto muitas vezes uma reconstrução gera oposição.

No tempo de Neemias, ouvia-se a frase por parte dos opositores: “mesmo se construírem o muro, uma raposa conseguirá derrubar”. Já imaginou isso? Que motivação você teria para reconstruir algo diante de alguém dizendo que não vai dar certo, que as pedras carregadas não se encaixarão. Alguém influenciando a população a abandonar seus postos de trabalho, só porque contrariava a sua perspectiva. Só pelo motivo de não estar contente com a mudança e reforma que acontecia naquele momento.

Pense comigo, quantas pedras você já carregou e que pareciam não se encaixar? Quantos calos nas mãos, nos joelhos já foram produzidos? Quanto esfolar dos dedos, cortes profundos e superficiais já acometeram seu corpo, sua alma e seu espírito? Lembre-se o transportar das pedras depende de você, mas o encaixar delas depende do arquiteto da obra, pois Ele sim reconhece a função das pequenas e grandes rochas colocadas em seu caminho. O que você precisa fazer é estar disposto a carrega-las e saber que quem as encaixará será Deus.

Um grande e forte abraço!
Nos eternos laços do amor de Cristo.

Rodrigo Fonseca Andrade
Um servo que carrega pedras, e quando preciso se assenta sobre elas.