Decepção atrás de decepção
Tivemos um belo rali na bolsa entre março e agosto que parecia nos dizer que “agora vai”.
Mas o discurso duro do FED (o banco central americano) puxou os juros longos americanos para cima e derrubou as bolsas globais.
Todos os fundos foram “estopados” com a puxada dos juros futuros (americanos).
O consenso é: a bolsa está barata, negocia nos menores múltiplos da história, mas falta fluxo.
Estava todo mundo preparadinho para entrar mais forte e o FED jogou água no chopp dos fundos multimercados. O FED “estopou” geral.
Tanto que, hoje, vejo apenas dois grandes riscos para a nossa bolsa (e para o rali de fim de ano):
– juros de 10 anos americanos;
– risco fiscal brasileiro.
O FED queria mais juros
Quem causou essa alta dos juros de 10 anos americanos foi o FED.
É fácil perceber. Em 25 de setembro, tínhamos as manchetes muito mais duras ou hawkish (sinalizando mais altas de juro):
No entanto, mais recentemente, após a alta forte dos juros de 10 anos americanos, temos manchetes muito mais dovish (calmas):
Aqui, vale uma explicação mais técnica.
FED Funds vs. Juros futuros
O FED eleva ou reduz a SELIC americana (a taxa dos FED Funds), mas quem define os juros de longo prazo é o mercado.
No entanto, como as pessoas e empresas se financiam a uma taxa de juros longa (empréstimo de longo prazo), a taxa longa tem um enorme peso na contração das condições financeiras.
O FED subiu os juros de curto prazo (FED Funds), mas o juro longo não subia.
Então, o FED, esperto que só ele, decidiu “falar grosso”.
E as taxas de juros de 10 anos subiram. Ponto para o FED.
Com as taxas mais altas, o FED pode retomar a tranquilidade (ser dovish com o mercado).
Os juros de 10 anos americanos podem voltar a se acalmar.
Lula e a mudança de discurso fiscal
Você lembra do discurso do presidente Lula em meados de janeiro e fevereiro?
Ele afirmava que deveria gastar com o social tudo o que gostaria e que não respeitaria nenhuma restrição de gastos.
Mas percebeu a mudança no discurso atual?
Se fosse para arrebentar as contas e repetir o que fez a Dilma, por que Lula mudaria o discurso?
Faz sentido voltar atrás no discurso ainda no primeiro ano de governo?