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Blog do Leo Lasmar – Existe emoção e futebol na Série C

Quando Nicolas fez o segundo gol do Paysandu e abriu 2 a 0 sobre o Náutico, os Aflitos mergulharam no mais absoluto torpor. Aquele silêncio algo constrangido que só acontece em estádios quando tudo dá errado – quando o torcedor concorda tacitamente que a derrota não é mais reversível. Que o time falhou e que aquela esperança – tão viva há minutos – soa quase ridícula. Há quem chore, há quem console, há quem tente inutilmente se equilibrar.

Mas, bem, o futebol existe para mostrar que só está perdido quem se entrega. Que as mais saborosas vitórias são aquelas arrancadas à força. No peito, na raça e na camisa.

Dentro de campo, o Timbu buscou forças sabe-se lá de onde para diminuir com Álvaro e empatar, nos acréscimos, com pênalti cobrado por Jean Carlos. Que levou a disputa para as penalidades – nas quais a frieza dos alvirrubros se sobrepôs aos visitantes, parados por um enorme Jefferson, desde já alçado ao posto de herói timbu.

A apoteose que se seguiu à vitória, à classificação e ao acesso ficarão gravados na memória de cada um daqueles mais de 15 mil torcedores que foram aos Aflitos.

Será contado a filhos, netos e revivido entre amigos.

“E o jogo contra o Paysandu?, dirão, ainda tentando se certificar de que aquilo tudo realmente aconteceu”.

Vivemos a era dos julgamentos apressados e das sentenças definitivas. Mas não há exagero em afirmar que a vitória que o Náutico conquistou nos Aflitos, neste domingo, é do tipo que marca uma geração inteira.

Porque subir na Série C, para um torcedor, como o alvirrubro, é diferente. Embora o êxtase seja genuíno e o grito de gol semelhante de um título ou de um acesso à Série A, a sensação é modificada.

O que se celebra não é exatamente a mudança de divisão – mas o vislumbre de um futuro melhor. O início do processo para voltar a um patamar ao qual o Náutico sempre pertenceu.

Verdade, no entanto, que o clube cometeu erros que o levaram à Série C. Administrações desastradas se sucedendo indefinidamente fizeram as dívidas crescerem e o sucesso esportivo minguar. Tiraram do Náutico até a sua casa – os Aflitos, abandonados temporariamente por uma asséptica Arena de Pernambuco, que jamais foi lar para o Timbu.

Voltar para a antiga casa era necessário – como mostra o mar de gente que tomou o campo quando o acesso foi consumado.

Mas o acesso para a Série B, embora fundamental, não redime todos os erros. Tampouco é solução para o que quer que seja. O Náutico é um clube com dificuldades financeiras, orçamento justo e que precisa reencontrar um caminho que o conduza à estabilidade.

A conquista deste domingo é apenas o primeiro passo. Mas um passo firme, alicerçado em fundamentos sólidos: responsabilidade financeira, carinho com a base e respeito à história alvirrubra.

É o início de uma caminhada que permite sonhar com dias melhores.

Porque quando se organiza, honra suas tradições e tem o povo de volta para sua casa, o Náutico é muito maior do que a Série C.

Verdade seja dita.

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