Eu já fingi muitas vezes estar bem para não deixar o outro pior. Já senti dor e não comuniquei. Já fui perseguido e não contei a ninguém. Já me ameaçaram e não fiz nada a não ser orar e chamar outros a oração. Mas um dia uma pergunta tocou o meu coração e me fez refletir.
Tenho uma dificuldade com canto. Sou tenor com tendências a soprano. Quando estou num coral preciso me distanciar delas senão tenho aptidão a mudar meu timbre sonoro.
Quando entro num coral o faço por teimosia. Não é algo que faço com desenvoltura e facilidade, mas mesmo assim tento aprender um pouco e me esforço para fazer o melhor.
Já cantei o Salmo 142 inúmeras vezes. Já li outras tantas. Já balbuciei inúmeras vezes. Já tentei sussurrar mas nem uma palavra foi pronunciada.
Quantas vezes me senti só, abandonando, negligenciando. Inúmeras vezes me desesperei, me abati, queixei da minha sorte, expus minha angústia. Tudo isso diante de Deus. Pois é Ele quem conhece meu coração, sabe do meu sofrimento. Nada lhe é oculto ou pode ser dissimulado.
Ontem mesmo meu filho João Victor fez uma pergunta: “você já fingiu estar bem diante de alguém?”. Eu disse sim.
Ele reforçou a pergunta: “mas não é errado?”. A resposta precisou ser mais centrada. “É sim. Mas muitos irão julgar que seja fraqueza espiritual, que estejamos em pecado ou que não estamos agradando a Deus. Aí quando assim estamos ‘mui abatidos’ devemos direcionar nosso clamor, nossa súplica, derramando nossa queixa e expondo nossa angústia diante Daquele que pode nos compreender, perdoar e fortalecer. Devemos expor nossa alma a Deus”.
Pense nisso, e lance seu coração diante do Senhor.
Fraternalmente nos eternos laços do amor de Cristo.
Rodrigo Fonseca Andrade
Um servo que em dias de aflição até simula está bem diante dos homens, mas rasga seu coração diante de Deus.
