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Finanças: Log-In: o "Risco Paulo Guedes"

Protegida pelas regras atuais, Log-In é ótima. Mas Tarcísio quer desenvolver o Brasil e fomentar a competição na cabotagem.

Era "óbvio"

Há tempos conversamos com Log-In (LOGN3).

Lá em meados de junho. Bons tempos. As ações de Log-In ainda estavam ao redor de 8 reais.

Foi bem no momento anterior à decolagem das ações. Imagine, você, a alegria que fiquei quando vi as ações disparando na minha frente.

LOGN3 (últimos 12 meses). Fonte: Bloomberg.

É normal no mercado – perdemos a grande maioria das porradas. Mas nunca é um sentimento agradável.

E, após o fato, sempre parece "óbvio". Este é o bull market.

As redes sociais são maravilhosas

Claro que nas redes sociais (principalmente na guerra aberta que é o Twitter de hoje) dirão que, o que escreverei aqui, é recalque por não pegar essa alta.

Dirão que é inveja de quem viu o movimento lá do início (até é, um pouco).

Não é por acaso que as pessoas perdem a paciência e deletam suas contas no Twitter.

Mesmo assim, hoje (como fazemos todas as manhãs) colocarei o meu na reta.

O que, no mercado financeiro, chamamos de colocar a "bunda na janela" (sim, é o termo técnico).

Uma costela da Vale

Simples: Log-In é a maior empresa de cabotagem brasileira. Log-In foi criada dentro da Vale (VALE3) que abriu o capital da companhia em 2007.

O negócio faz todo o sentido. Aproximadamente 70 por cento da população brasileira vive a menos de 100km da costa.

A partir de 1,5 mil Km é mais barato o transporte via cabotagem do que via caminhões.

O projeto era ótimo. Mas a execução não foi tão fácil.

A Vale vendeu toda sua participação (31 por cento) na companhia em 2013, quando os problemas começaram a se amontoar:

LOGN3 (desde o IPO em 2007). Fonte: Bloomberg.

Belo trade, Vale.

A crise econômica reduziu o volume de cargas movimentado e a Log-In enfrentou atrasos na construção de navios. As dívidas se acumularam e o resto é história.

O modelo de negócios parecia lindo. O problema, como sempre, está na execução.

Cabotagem é o futuro

A cabotagem responde por apenas 11 por cento do transporte nacional de cargas.

Mas, mais da metade do transporte vem da movimentação de petróleo e derivados – dominado pela Petrobras (PETR4).

A migração de modelo logístico, pelas empresas, é complexo. A cabotagem demanda mais planejamento e mais estrutura.

Recentemente, a greve dos caminhoneiros funcionou como um belo gatilho para o crescimento da cabotagem – as empresas perceberam que não poderiam depender apenas dos caminhões.

Faz todo o sentido. A cabotagem é melhor e mais barata. O Brasil ainda tem muito a crescer neste modal.

Competição selvagem na logística

É dificílimo ganhar dinheiro com logística.

Competir com os caminhões autônomos é complicadíssimo. Afinal, a partir do momento que o caminhoneiro compra o caminhão, ele precisa transportar algo.

A pulverização dos caminhões faz a competição ser feroz. A competição é brutal, especialmente na crise.

Já vimos, em diversas empresas, a enorme ciclicalidade do segmento.

Mas a cabotagem ainda é um mercado fechado para os estrangeiros.

Ainda.

Tamanho é documento

Logística é, normalmente, um negócio de margens apertadas.

Os navios (caminhões, carros, trens e afins) são extremamente caros e é no aproveitamento do ativo que as empresas tentam ganhar dinheiro.

Hoje, o mercado brasileiro de cabotagem é dominado por subsidiárias de grandes grupos internacionais e a Log-In.

A Aliança, do grupo alemão Hamburg Sud, é o líder com 50 por cento do volume. Os outros 50 por cento são disputados pela Log-In e pela Mercosul Line, vinculada à gigante Maersk.

É um mundo de gigantes.

Paulo Guedes quer mais cabotagem

Paulo Guedes e Tarcísio Freitas querem mais cabotagem.

A abertura do mercado de cabotagem é vista como essencial pelo #SuperTime econômico atual. Para eles, precisamos de mais empresas competindo no mercado.

Algumas estruturas estão em discussão. Uma delas é que navios estrangeiros, em percurso internacional, poderiam realizar transporte entre portos brasileiros.

Aproveitando espaço em navios internacionais, as cargas domésticas seriam transportadas a um preço muito baixo.

Mas esta estrutura exporia o mercado nacional à variações bruscas de preços e oferta do mercado global. Hoje, as empresas só podem utilizar navios internacionais se não há disponibilidade de navios brasileiros.

Nada ainda está definido. Mas, fica claro que este é um mercado de gente grande.

A emissão de Log-In

Log-In vem subindo forte, desde o fim de 2018, com a melhora de seus resultados.

Ebitda (12m, azul) e lucros (12m, verde). Fonte: Bloomberg.

E, recentemente, a companhia fez uma oferta de ações de 550 milhões de reais ao preço de 14,50 reais.

A oferta é grande. Login vale, hoje, 1,6 bilhão na bolsa.

Logo após anunciar o preço da oferta, as ações abriram o pregão caindo -15 por cento. Para fechar subindo +7 por cento.

LOGN3 (nos últimos 4 dias). Fonte: Bloomberg.

Um movimento impressionante. As ações mostraram força compradora fora do comum.

Mas, os dois dias seguintes foram de 1 quedas de -13 por cento e -1,4 por cento.

Oportunidade?

Log-In se arrumou, mas é interessante?

Tendo reestruturado seu balanço (dívidas sob controle) e com novos navios entrando em operação, Log-In parece interessante.

No 3T19, Log-In veio com belos resultados operacionais:

Fonte: Log-In.

A nova regra contábil polui um pouco os números, mas vemos belo crescimento de Ebitda nos 9 meses de 2019.

Receita líquida +1 por cento, Ebitda +21 por cento, mas ainda apresentando prejuízo de 17 milhões de reais.

Bons resultados, ainda mais se olhamos que LOGN3 ainda negocia a 11x Ebitda:

EV/Ebitda (marrom) e Preço/Lucro (branco). Fonte: Bloomberg.

Muito potencial de crescimento e preço ainda razoável.

O risco Paulo Guedes

Olhando para trás, era "óbvio" que deveríamos ter surfado a onda de LOGN entre 8 e 22 reais.

Mas, os riscos de uma abertura de mercado parecem grandes demais.

Log-In opera um mercado importantíssimo para a economia nacional. Ao mesmo tempo, Log-In é uma nanica em um mercado de gigantes mundiais.

O Brasil precisa avançar. E com Guedes e Tarcísio, sabemos que avançará.

Log-In pode estar no lugar errado na hora errada.

No ANTI-Trader, olhamos, pensamos, analisamos e discutimos. Mas não tivemos coragem de recomendar as ações.

Aqui, os riscos regulatórios são grandes demais. Sem a proteção atual, a competição, aqui, será selvagem. Não faz sentido que não seja.

Vemos ótimas oportunidades muito mais claras, muito mais fáceis de ganhar dinheiro no mercado.

Em observância ao Artigo 22 da Instrução CVM nº 598/2018, a Nord Research esclarece que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por diferentes estratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo valor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indicações do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas no contexto da estratégia que o norteia.

Postado originalmente por: Nord Research