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Irmã Dulce será proclamada santa

O papa Francisco reconheceu um novo milagre atribuído à freira baiana Irmã Dulce, conhecida como “o anjo bom da Bahia”. A informação foi divulgada pelo site “Vatican News”, canal oficial de comunicação do Vaticano e, assim, ela será proclamada santa na próxima celebração de canonizações. No entanto, a data da solenidade ainda não foi divulgada. “Com o Decreto autorizado pelo Santo Padre reconhecendo o milagre atribuído à intercessão de Irmã Dulce, a Beata será proximamente proclamada Santa em solene celebração de canonizações”, informa o site.

A canonização teve início em janeiro do ano 2000, pouco menos de oito anos após a morte da freira soteropolitana. Com o início do processo, os restos mortais de Irmã Dulce foram transferidos da Igreja Conceição da Praia para a Capela do Convento Santo Antônio, na sede das Obras Sociais Irmã Dulce.

Ainda em 2001, a primeira graça de Irmã Dulce foi reconhecida como milagre, o que possibilitou sua beatificação nove anos depois. Cláudia Cristiane dos Santos, moradora do interior de Sergipe, foi diagnosticada com um sério quadro hemorrágico após o parto de seu filho. O médico Sandro Barral, que confirmou o feito, relatou que o sangramento era incontrolável e, em um período de 18 horas, a paciente precisou ser submetida a três cirurgias que não conseguiram cessá-lo. A hemorragia de Cristiane estancou instantaneamente depois que o padre José Almi de Menezes rogou a graça à freira.

Após sua beatificação em 2010, a Assessoria de Memória e Cultura das Obras Sociais de Irmã Dulce recebeu milhares de casos de pessoas que contam ter sido agraciadas com as bençãos da freira.

Quem foi Irmã Dulce?

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador. Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, a menina que gostava de soltar pipa e jogar futebol manifestou o interesse pela vida religiosa no início da adolescência.

Segundo a instituições Obras Sociais Irmã Dulce, por volta de 1927, aos 13 anos de idade, a adolescente começou a atender doentes no portão de casa, conhecida mais tarde como “A Portaria de São Francisco”, tal a aglomeração de desassistidos.

Em 1933, a jovem ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão (Sergipe). No mesmo ano, recebeu o hábito e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

Em 1935, Irmã Dulce iniciou um trabalho assistencial nas comunidades carentes, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também aos operários, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado.

Em 1939 ocorreu o fato que definiu o futuro de sua ação social: a invasão de cinco casas, na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que não tinham onde ficar. Dez anos depois, Irmã Dulce ocupou, com autorização da sua superiora, o galinheiro do Convento Santo Antonio (inaugurado dois anos antes), levando para lá 70 doentes.
A iniciativa deu origem à tradição oral propagada há pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um galinheiro. Em 1959, foi estabelecida oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce e, no ano seguinte, inaugurado o Albergue Santo Antônio.

Doentes, albergados, deficientes e órfãos: o trabalho assistencial de Irmã Dulce que respirava com apenas 20% da capacidade pulmonar, atingiu proporções ainda maiores nas três décadas seguintes, sendo definido pela própria freira como “a última porta” a quem recorrem os menos assistidos.

Irmã Dulce morreu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, ao lado de seus doentes. O túmulo da freira está na Capela das Relíquias, local para onde seus restos mortais foram transferidos após exumação, em 9 de junho de 2010. A visitação está aberta durante todos os dias, das 7h às 18h. A capela fica no Santuário de Irmã Dulce, no bairro do Bonfim, em Salvador