Uberaba deve confirmar mais de mil casos de Covid-19 e 40 mortes pela doença em uma única semana. A triste projeção foi confirmada pela doutora em Matemática pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Michelli Maldonado, e reforçam o alerta de que sem que cada um faça a própria parte, os números em Uberaba continuarão crescendo exponencialmente.
A pedido do Jornal da Manhã, Michelli Maldonado trouxe projeção parcial de como deve fechar a 12ª semana epidemiológica, que começou no domingo, dia 21, e encerra amanhã, sábado, 27. Os dados obtidos pelos boletins epidemiológicos divulgados pela Prefeitura de Uberaba trazem as seguintes estatísticas:
21/3 = 112 casos e 4 mortes
22/3 = 153 casos e 5 mortes
23/3 = 224 casos e 10 mortes
24/3 = 170 casos e 5 mortes
25/3 = 166 casos e 5 mortes
Isso significa que até ontem (25), são 825 novos casos confirmados de Covid-19 e 29 óbitos pela doença, em cinco dias.
Seguindo a lógica da semana, a média de novos casos por dia da 12ª semana é de 165, o que deve elevar a quantidade de casos nesta semana para cerca de 1.155 novas confirmações em sete dias. Com relação aos óbitos, a projeção é que o número dessa semana possa chegar a 40. Até o dia 20, o total de casos confirmados em março era de 2.181. Se somados aos 825 já confirmados até ontem, temos 3.006 casos, o maior número de confirmações em um único mês. Com relação ao número de óbitos, 86 notificações foram feitas até o dia 20 de março e, somadas às mortes já confirmadas esta semana, chegamos à marca de 115 óbitos confirmados em um único mês.
Gráfico do Observatório Covid mostra que na semana passada tivemos 685 novos casos notificados, frente a 885 da semana anterior; só até ontem (25) já haviam sido confirmados 825 novos casos de Covid-19 na 12ª semana epidemiológica
Óbitos confirmados em março até o dia 20 eram 86; nessa semana já são mais 29
Março já tem mais de 3 mil novos casos, relativos à soma de 2.181 registrados até o dia 20 com os 825 confirmados até ontem
“Todos os indicadores voltaram a apresentar tendência de alta. R, média móvel diária, variação da média móvel. Isso é preocupante, pois quando muitos casos são confirmados em uma semana, pela série histórica, na semana seguinte aumenta o número de internações, que já está batendo recordes, e após isso, aumentam os óbitos. É um ciclo. Para encerrar esse ciclo precisamos diminuir o número de casos”, alerta a doutora em Matemática.
Ela diz que ainda não é possível traduzir esses números no comportamento da cidade, no tocante às pessoas com relação às medidas de proteção. “Ainda é cedo para fazer essa avaliação. De qualquer forma ainda estamos no alto e com tendência de alta ainda”, adianta Maldonado.
A situação é realmente preocupante. Michelli Maldonado chama a atenção, ainda, para a gravidade da situação, inclusive com o agravamento e morte de jovens. O boletim epidemiológico de ontem trouxe a confirmação de óbito de um jovem de 26 anos, o que, na avaliação da doutora em matemática, mostra que a doença não segue mais um padrão de idade. “Isso assusta e muito. A questão agora é não pegar Covid”, finaliza.
A mudança do perfil da doença, que tem feito cada dia mais vítimas com idades menores, foi avaliada pela médica infectologista Cristina Hueb Barata em recente entrevista à Rádio JM. “O que tenho visto, primeiro é aumento de volume, mais jovens estão adoecendo porque têm mais casos ativos. Segundo, é a pouca importância que os mais jovens dão aos sintomas: ‘sou jovem, não tenho comorbidade, não sou grupo de risco, essa febrezinha, esse mal estar vai passar’. Só que muita das vezes eles chegam já com a doença muito avançada e temos visto complicações dessa faixa-etária um pouco mais para frente, depois do décimo dia, depois do décimo quarto dia, décimo oitavo! Antes víamos entre o sexto e o oitavo dia, parece que o organismo fica mais resistente e demora mais a entregar os pontos, aí a pessoa já chega em estado mais adiantado”, explica.
Vale lembrar que dados do Observatório Covid apontam que, em fevereiro, os jovens com até 30 anos foram os mais infectados pelo coronavírus em Uberaba. Segundo gráfico do observatório, é possível perceber que durante todo o ano passado a faixa etária mais contaminada estava sempre entre 30 e 39 anos. Contudo, em 2021 a história mudou e hoje os mais contaminados são os jovens entre 20 e 29 anos.
Apesar de nem sempre desenvolverem o agravamento da doença, os infectados desse grupo até 30 anos estão entre os principais transmissores para os idosos e demais grupos de risco. Além disso, são eles principalmente os que fazem festas e eventos clandestinos e também os que mais frequentam esses ambientes. Somente entre as 18h de quinta-feira (25) até 6h de hoje (26), a Guarda Municipal realizou 41 autuações e uma notificação quanto ao descumprimento do decreto municipal 378, que regulamenta a onda roxa em Uberaba. Além disso, a Patrulha Mista, que conta com o apoio dos fiscais do Departamento de Posturas, ainda realizaram três autuações e uma notificação. Desse total, três eventos universitários foram fechados pela fiscalização, além de bares abertos após 20h e com consumo de bebida alcoólica no local e pessoas sem máscara.
Postado originalmente por: JM Online – Uberaba