A Polícia Federal indiciou 27 pessoas suspeitas de participação em um esquema liderado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDSocial), empresa que administrava a UPA Padre Roberto, em Divinópolis, até setembro de 2022.
O IBDSocial teria fraudado contratos de prestação de serviços em saúde e desviado cerca de R$ 23 milhões dos cofres da Prefeitura de Betim, na Grande BH, durante a pandemia de Covid-19.
Segundo o inquérito, os investigados realizaram contratações ilegais para beneficiar integrantes do grupo criminoso e pessoas próximas, além de superfaturar compras de serviços, materiais e equipamentos.
Dos 27 indiciados, 20 podem responder por peculato (desvio de recursos públicos), 12 por organização criminosa e oito por falsidade ideológica. O documento também aponta que cinco dos investigados teriam cometido fraude em licitação, enquanto dois foram denunciados por corrupção ativa. Há ainda acusações de corrupção passiva contra outros dois suspeitos. Caso condenados, as penas aplicáveis a alguns dos envolvidos podem variar de 14 a 57 anos de prisão.
Operação começou em Divinópolis
O esquema criminoso na Prefeitura de Betim foi descoberto durante outra investigação, no âmbito da operação “Entre Amigos”, que apurava irregularidades em Divinópolis. Na ocasião, o IBDSocial já havia causado prejuízos à administração municipal antes de romper o contrato em 2021 .
A rescisão definitiva aconteceu em 2022 após um novo processo licitatório que foi vencido pelo Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (IBRAPP) , que geriu a unidade até julho deste ano.
Durante as apurações, os agentes identificaram que o instituto repetia o mesmo modus operandi em Betim, onde foi contratado em 2020 para gerenciar um hospital de campanha e um centro de cuidados intensivos destinados a pacientes com Covid-19.
De acordo com a investigação, o esquema contava com a conivência de servidores públicos de Betim, incluindo o ex-secretário municipal de Saúde, Guilherme Carvalho da Paixão. Ele teria facilitado a contratação do IBDSocial por meio de dispensa de licitação. Após as denúncias virem à tona, ele foi exonerado.