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Larcamón vai se adaptando ao “jeitinho” brasileiro.

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Nicolás Larcamón não teve sucesso na carreira como jogador de futebol. Problemas físicos impediram que o sonho de infância fosse realizado. Pensou em ser arquiteto, estudou por cinco anos, mas teve certeza que seu ambiente era o campo-bola. Virou treinador e, após sucesso no México, o treinador da nova safra argentina, de 39 anos, tem a primeira chance no Brasil, comandando o Cruzeiro, com bons resultados no primeiro mês de trabalho.

Nicolás Larcamón, como o próprio disse em entrevista à Globo, está “desfrutando” da chance no futebol brasileiro. Até mesmo tentando aprender português com a esposa, a odontóloga venezuelana Vicky Betancourt, com quem tem um filho de 1 ano e 2 meses, Mateo. O treinador ainda tem outro filho mais velho, Fran. Os dois filhos entraram com Marlon em campo, no jogo contra o Patrocinense.

“Só uma aula e online. (A professora) é uma brasileira, que mora na Argentina. Minha mulher tem sim (deveres de casa). Mas eu não tenho tempo para fazer, faço no dia a dia aqui (na Toca). Desde que soube que iria trabalhar no Brasil, escrevia no Duolingo, escutar muita música em português” – contou Larcamón.

O treinador confidenciou que gosta da dupla sertaneja Henrique e Juliano, mas que há mais tempo escutava as músicas do cantor Armandinho. As canções ajudam também a adaptar ao idioma.

“Esse perfil de música (sertanejo) e o Armadinho gosto muito. Mas agora estou trabalhando muito o ouvido. Entendo quase tudo. O mais difícil é falar. Entender não é tão complicado, mas quando você tenta falar é que vem mais a dificuldade” – concluiu o treinador do Cruzeiro.

“Estou procurando falar rapidamente, porque sou uma pessoa ligada a muita gente. Pessoas que precisam que eu comunique bem. Estou procurando fazer essas aulas de português. Minha mulher, ela tem mais tempo que eu. Não precisa tanto falar tão bem, ela está tranquila. Acho que estou melhorando pouco a pouco, principalmente com a comunicação com os jogadores, com o staff e também com as pessoas próximas, imprensa, torcedor, que merece que eu fale o mais claramente possível – completou.

Treinador quase desconhecido antes de chegar ao Cruzeiro, Nicolás Larcamón ainda desfruta de uma rotina com pouco assédio. Caseiro, o treinador disse que gosta de aproveitar o tempo livre com os filhos e a companheira em casa.

“Sou muito de ficar em minha casa, com minha família. Mas, agora, quando preciso sair, sempre os torcedores do Cruzeiro me reconhecem. Isso é bom.

Mas isso mudou um pouco, após o 2 a 0 sobre o Atlético, na Arena MRV, pelo Campeonato Mineiro.

“Depois do clássico, as pessoas me reconhecem um pouco mais. Os torcedores do Cruzeiro e do rival (risos). Mas, aos poucos, vou tendo essa popularidade”.

A família é um pilar na vida de Larcamón. Já vivendo com eles em Belo Horizonte, o treinador viu os filhos entrarem em campo com Marlon no último jogo.

Larcamón também já provou da famosa culinária mineira. Pão de queijo, tropeiro, restaurantes… o treinador disse que tem gostado.

“Desde que chegamos, ficamos na Toca da Raposa. Fomos a muitos restaurantes de Belo Horizonte. Não sei qual é melhor. Mas a melhor equipe de cozinha é do Cruzeiro, porque se come muito bem. Agora não estou jantando aqui, porque tenho a casa da minha família. Não quero falar de nenhum restaurante para não fazer publicidade, mas há muitas comidas gostosas, são espetaculares” – elogiou.

Nascido em La Plata, Larcamón foi um meia-atacante na base do Los Andes, clube do sul da região metropolitana de Buenos Aires, região que viveu boa parte da vida (Lomas de Zamora). Mas uma osteocondrite (inflamação nos ossos e cartilagem) encurtou o sonho de jogar. Partiu para a carreira de treinador. Chegou a ser auxiliar no Nueva Chicago, clube tradicional de Buenos Aires, mas ganhou carreira fora da Argentina.

Na Venezuela, teve a primeira experiência com o Deportivo Anzoátegui. Depois, passou por três clubes no Chile (Antofagasta, Curicó Unido e Huachipato) antes de chegar ao México. Treinou o Puebla, mas ganhou mais projeção com o Léon, ao ser campeão da Conchampions, ano passado.

Com a eliminação do Mundial de Clubes e a primeira demissão da carreira, foi buscado pelo Cruzeiro e acertou contrato até o fim de 2025. Um passo importante na carreira.

“Minha família gosta muito de futebol. Meu pai, meu tio, meu primo… todo o meu entorno é muito vinculado ao futebol. Eu joguei, mas não desenvolvi uma carreira muito importante como jogador. Mas sempre tive o desejo de crescer no futebol. E agora, como treinador, conquistei muito mais do que achava poderia conquistar e estar em lugares que sempre sonhei. É uma realidade, estou aproveitando o sonho de menino que pensava em ser como jogador e agora como treinador”.

Larcamón tem algumas referências como treinadores. Na Argentina, Alejandro Sabella (vice-campeão na Copa 2014 e campeão da Libertadores em 2009 diante do Cruzeiro) e Marcelo Gallardo (multicampeão no River Plate e, agora, no Al Ittihad, da Arábia Saudita). Na Europa, também tem referências.

“Sempre gostei muito do perfil dos treinadores, como Sabella, sempre gostei do perfil humano, principalmente. Gostei também de Marcelo Gallardo, acho que o trabalho dele é muito bom. Mas também perfis internacionais, trabalhos que fazem Ancellotti e Klopp. Para mim, Guardiola é o melhor, mas o perfil dele é extremamente tática. Mas gosto muito do perfil humano dos treinadores”– destacou.

O trabalho de Larcamón, no Cruzeiro, só começou. Em pouco mais de um mês, conquistou três vitórias e um empate. É líder do Grupo A do Mineiro. Na temporada, além do Estadual, tem Copa do Brasil, Brasileiro e Sul-Americano a disputar.

No futebol brasileiro, terá a companhia de outros treinadores argentinos. Entre eles estão Ramón Diaz (Vasco), Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza) e Eduardo Coudet (Internacional).