Após 35 anos de uma condenação que marcou sua carreira, o técnico de futebol Alexi Stival, conhecido como Cuca, teve sua sentença anulada pela Justiça suíça. A decisão ocorreu após o Tribunal Regional de Berna-Mittelland aceitar o pedido de novo julgamento feito pela defesa do treinador em maio de 2023. A reabertura do caso revelou irregularidades no processo de 1989, levando à anulação da ação.
Além da anulação da sentença, a juíza responsável determinou o pagamento de uma indenização a Cuca no valor de 13.000 francos suíços, aproximadamente R$ 75 mil na cotação atual. A decisão também considerou a prescrição do caso, trazendo um desfecho longamente aguardado para o treinador.
Cuca, ao comentar sobre a anulação, expressou alívio após um período conturbado. “Hoje eu entendo que deveria ter tratado desse assunto antes. Estou aliviado com o resultado e convicto de que os últimos 8 meses, mesmo tendo sido emocionalmente difíceis, aconteceram no tempo certo e de Deus”, desabafou.
A Justiça suíça reconheceu que Cuca foi julgado à revelia, sem estar presente e sem representação legal, o que viola o artigo 6 da Convenção para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais. A ausência de tradução e explicação adequada dos documentos essenciais do processo, que estavam em idioma estrangeiro para Cuca, também foi considerada como fator determinante na anulação da sentença.
A decisão ressaltou que o jogador não foi devidamente intimado, desconhecendo a data da audiência principal na qual foram obtidas as provas. A falta de uma defesa efetiva colocou Cuca em desvantagem, comprometendo o princípio da igualdade de armas entre a acusação e o acusado.
O caso remonta a 1987, quando o Grêmio participou do torneio Copa Phillips em Berna, Suíça. Cuca, junto com outros jogadores, foi acusado de ato sexual sob coerção com uma adolescente de 13 anos. A anulação da sentença agora encerra um capítulo longo e controverso na vida do treinador, proporcionando-lhe a justiça que por tanto tempo foi buscada.
