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Finanças: Recuperação judicial da Light será 8ª maior da história

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A recuperação judicial da Light (LIGT3), se aprovada pela Justiça, será a oitava maior da história no país.

O pedido ocorre apesar de Lei que veda às concessionárias de serviços públicos de energia de recorrer aos regimes de recuperação judicial.

Prejuízo bilionário

O valor da dívida da holding que controla a concessionária Light é de R$ 11 bilhões. Para efeito de comparação, o valor de mercado da Light é de R$ 1,73 bilhão, conforme dados atualizados pelo Status Invest.

No dia 11 de abril, a Light entrou com pedido de Tutela Cautelar na Justiça do Rio de Janeiro para a suspensão temporária de pagamento de suas dívidas.

Depois de passar cerca de um mês negociando com seus credores sem chegarem a um entendimento, a empresa decidiu entrar com o processo de RJ para se proteger.

O processo legal suspende a cobrança de dívidas por parte de credores para que possam ser renegociadas, evitando o encerramento da empresa.

Como a Light acabou em recuperação judicial?

Nos últimos anos, a Light tem sofrido com a escalada da taxa de juros, o aumento da inadimplência e com altos índices de furtos de energia no estado do Rio de Janeiro, como mostra a imagem a seguir.

Gráfico com as perdas de energia da Light desde março de 2017 até dezembro de 2022
Fonte: XP/ Reprodução

A Light tem muita perda no Rio de Janeiro, muito maior que na média de outros estados, como São Paulo, Paraná e Minas. Esse problema [perdas de energia] está relacionado a questões sociais e que terminam por tirar muita rentabilidade da empresa.

Além dos prejuízos financeiros com os furtos, a receita da companhia foi impactada com a devolução de créditos fiscais pela cobrança de PIS/COFINS.

Isso, somado aos juros altos atuais e ao mercado de crédito bem restrito, são fatores que contribuem para a situação difícil da distribuidora.

R$ 7 bilhões em títulos da Light

Dos R$ 11 bilhões em vencimentos, R$ 6,8 bi estão com detentores de debêntures e aproximadamente R$ 3,1 bilhões em títulos de dívida no exterior (bonds), R$ 441 milhões em cessão de direitos creditórios, R$ 427 milhões em derivativos, R$ 200 milhões em contrato de empréstimo em moeda estrangeira e R$ 8 milhões em cédula de crédito bancário.

Há um volume relevante de vencimentos de dívida a partir de 2024. Por isso, a urgência em refinanciar sua dívida.

Renovação da Concessão

A concessão da Light SESA vencerá em 2026. A companhia tem até junho de 2023 para sinalizar se pretende renová-la.

Se não ocorrer essa renovação da concessão, a Light receberá o valor devido, mas não terá mais operações. A renovação no Rio de Janeiro é decisiva para a companhia.

Ações caíram 77%

As ações da Light caíram -17,2% na sexta-feira, 12, e encerraram o pregão cotadas em R$ 3,85, após a empresa anunciar que entrou com pedido de recuperação.

Nos últimos 12 meses, o papel acumula queda de -50,8% e de -76,9% no acumulado dos últimos 2 anos.

As empresas da Light

A Light é uma empresa centenária que, atualmente, atende a 31 municípios do Rio de Janeiro, inclusive a região metropolitana.

A empresa atua nos setores de distribuição pela Light Serviços de Eletricidade (Light SESA), geração pela Light Energia e comercialização pela LightCom.

O segmento de distribuição é o mais relevante (aproximadamente 70% do EBITDA).

O que acontece quando a empresa está em recuperação judicial?

Com a recuperação judicial, a prestação do serviço público da Light será mantida.

Outro ponto importante é que a recuperação judicial protege o caixa e a operação da empresa, que terá que elaborar um plano de reestruturação e iniciar a negociação com credores.

Como o grupo tem dívidas que vencem no curto prazo, a RJ pode ajudar a rolar essas dívidas ou buscar mais crédito para se refinanciar.

Em decorrência do pedido de recuperação, as ações da Light serão excluídas de todos os índices da B3 a partir desta segunda-feira, 15.

Vale a pena investir em LIGT3?

A recuperação judicial será determinante para a existência ou não da Light nos próximos meses.

Não se sabe se a Justiça aceitará o pedido por conta de um possível entendimento de que a empresa, como dona de uma concessão de serviços essenciais, não teria direito a esse expediente.

Minha recomendação é ficar de fora, tanto das debêntures quanto das ações.

Postado originalmente por: Nord Research