O Nubank (ROXO34) apresentou mais um trimestre de lucro e ROE recordes. No 4T23, o lucro líquido ajustado somou US$ 395,8 milhões, uma alta de 229% ante o mesmo período de 2022.
A rentabilidade (ROE, na sigla em inglês) ficou em 26% no período — acima de concorrentes tradicionais, como Itaú e Banco do Brasil.
A receita do banco digital subiu 57% A/A, para US$ 2,4 bilhões.
Carteira de crédito
A carteira de crédito cresceu +49% no 4T23, para US$ 18,2 bilhões, impulsionada pela carteira de empréstimo pessoal, que cresceu +76%, enquanto a carteira de cartão de crédito cresceu +44%.
Inadimplência e provisões
A inadimplência (NPL) acima de 90 dias parou de crescer e ficou estável em 6,1% no trimestre, e o NPL de 15 a 90 dias (formação de NPL) caiu de 4,2% para 4,1% na comparação trimestral.
O saldo total de provisões, por sua vez, também caiu — para US$ 592 milhões, mas o valor foi impactado em US$ 60~70 milhões por conta de recuperações que foram feitas no trimestre. Desconsiderando tal efeito, o saldo das provisões teriam subido para US$ ~665, mantendo a tendência de alta.
Alavancagem operacional
O Nubank reportou uma receita média mensal por cliente ativo (ARPAC) de US$ 10,60 (+23%), ao mesmo tempo que o custo de servir (CTS) se manteve estável em US$ 0,90 — a combinação de uma receita por cliente crescente e um custo de servir baixo é o que está permitindo o forte aumento da rentabilidade do banco.
Receba conteúdos e recomendações de investimento gratuitamente
Nubank provou a tese?
O Nubank já conseguiu um grande feito ao provar que consegue rentabilizar sua base e entregar um ROE (retorno sobre o patrimônio) elevado. A grande dúvida é se o banco digital vai conseguir manter a entrega de crescimento e até onde o seu resultado pode ir.
A companhia informou que sua margem bruta (de 48%) deve permanecer estável em 2024. Enquanto no Brasil os ganhos de escala continuam aumentando a rentabilidade do banco, os investimentos na aceleração do crescimento no México e na Colômbia vão ser detratores de margem.
Os principais objetivos do Nubank para 2024, são: (i) acelerar o crescimento do crédito no Brasil, (ii) progredir no segmento de alta renda no Brasil e (iii) construir uma base de depósitos significativa no México e na Colômbia.
Por conta de maiores investimentos em marketing e de maiores gastos com cloud (em função do maior volume de dados no período), o índice de eficiência (despesas/receitas) do Nubank apresentou uma alta de 1 p.p. na comparação trimestral, alcançando 36%, contudo, a empresa afirmou que a tendência de queda deve se manter.
Apesar das conquistas e das expectativas positivas, o Nubank possui um problema: ações caras demais — atualmente, o papel está negociando 10x seu patrimônio líquido.
Como referência, o Itaú negocia a 1,8x seu patrimônio líquido.
Nossa preferência no setor de bancos
Destacamos a nossa preferência por Inter (INBR32) no setor de bancos.
O Inter possui atualmente 30 milhões de clientes (⅓ do Nubank), mas já possui ARPAC similar e tem um custo de aquisição de clientes (CAC) mais baixo.
O Inter fica atrás no quesito CTS, mas isso se deve a diferença de escala dos bancos.
O plano atual da companhia é o 60/30/30, na qual o Inter pretende chegar em 2027 a 60 milhões de clientes, um índice de eficiência de 30% e um ROE de 30%.
Além disso, o objetivo do Inter é entregar R$ 5 bilhões de lucro e alcançar uma carteira de crédito de R$ 100 bilhões.
No primeiro ano do plano de cinco anos, o Inter avançou em linha com o esperado em relação ao número de clientes, consideravelmente acima do esperado em relação ao índice de eficiência e também acima do esperado em relação ao ROE.
O cenário à frente também é muito positivo, com a redução dos juros nos EUA e no Brasil, a melhoria nos indicadores de crédito, o maior engajamento, a mudança do foco para produtos com alto ROE e a diluição de despesas.
Assim como nos últimos trimestres, o Inter pretende entregar um crescimento das receitas maior do que os das despesas. Para 2024, a expectativa é de que as despesas cresçam menos da metade das receitas.
A companhia não quis passar um guidance para o ROE em 2024, mas disse que a tendência atual (de crescimento) será mantida.
No ano passado, as ações do Inter subiram +148%, mas isso é apenas o começo de um longo movimento de valorização das ações ao longo dos próximos anos.
Entregando um lucro de R$ 5 bilhões e negociando a 15x lucros (múltiplo médio histórico da bolsa), o Inter deveria valer R$ 75 bilhões, o que implica em um enorme upside de mais de 500%. Compre INBR32.
Postado originalmente por: Nord Research