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Finanças: Não dependa de Brasil para ganhar dinheiro em 2023

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Gastos, gastos e mais gastos

Com Lula prestes a tomar posse como novo presidente no próximo domingo, o cenário de incertezas para os quatro anos subsequentes segue pairando sobre Brasília e o mercado financeiro no país.

Nas últimas semanas, as sinalizações não foram nada positivas para os rumos do Brasil.

A começar pela nomeação dos membros da nova equipe de Lula, que mantiveram o mesmo discurso adotado pelo próximo presidente após a eleição: o de mais gastos.

Em seguida, após muita discussão em torno da PEC da Transição, a proposta foi finalmente aprovada pelo Congresso.

Ainda que o prazo da proposta tenha sido enxugado de dois anos para “apenas” um, o aumento de gastos fora do teto pode chegar a quase R$ 170 bilhões em 2023.

Ninguém critica os gastos sociais quando eles realmente são destinados para o lugar correto.

O problema é que, no Brasil, a elevação de gastos sempre vem acompanhada de outras distribuições de benefícios, como aumentos generosos de salários para presidente, ministros e congressistas.

Matéria sobre a aprovação de aumento de salários. Fonte: CNN

A consequência disso pode ser um novo (e grande) desequilíbrio fiscal como foi visto no governo Dilma.

Como vocês já estão cansados de saber, gastos desenfreados significam aumento de impostos no país. Mais impostos, mais inflação. Mais inflação, mais juros. Mais juros, menos crescimento e menores resultados para as empresas.

Matéria sobre os novos gastos do governo. Fonte: Brazil Journal

Mais gastos, mais inflação

Porém, a pergunta que não quer calar é: como pagar essa conta?

E a resposta, infelizmente, tende a ser uma só: aumento de impostos.

Para bancar a elevação de gastos públicos nos próximos anos, os recursos deverão vir — mais uma vez — do bolso do brasileiro.

Como sabemos, o aumento de impostos gera uma maior pressão inflacionária — tanto que, no último Boletim Focus do ano, as projeções para a inflação no país em 2023 subiram outra vez.

Assim como os juros, que mostram uma expectativa por parte do mercado de desaceleração das quedas da taxa Selic.

Boletim Focus 26/12. Fonte: Banco Central

Além dos maiores gastos, outros pontos, como a recomposição de impostos sobre a gasolina, devem pesar para a inflação no próximo ano.

Mais inflação, mais juros

Com a piora na expectativa em relação à inflação daqui para a frente, o mercado já começa a especular que os juros permanecerão nesses altos patamares (ou até mesmo serão elevados) por mais tempo.

O que seria péssimo para a bolsa de valores.

Ibovespa x Juros futuros em 2022. Fonte: Bloomberg

Como já estamos vendo desde o ano passado, a elevação dos juros trouxe impactos severos para os ativos de risco do nosso mercado.

A relação pode ser justificada pelo fato de que o aumento da Selic eleva a taxa de desconto dos modelos de valuation dos analistas de mercado, reduzindo o “preço justo” das ações.

Porém, o principal impacto dos juros em alta está relacionado ao crescimento do país e, consequentemente, das empresas. Mais juros, menos crescimento.

Pausa para o Natal

Na última semana, até chegamos a ver um “minirrali de Natal” na nossa bolsa de valores, mas ele já começou a esfriar na semana atual.

A alta foi impulsionada por alguns fatores, como o IPCA-15 (prévia da inflação no país) fechando o ano abaixo das expectativas do mercado e algumas falas mais amenas da equipe de Lula, como Haddad prometendo uma maior responsabilidade fiscal no ano que vem.

Isso fez com que os juros futuros caíssem momentaneamente e causassem uma valorização generalizada na bolsa — principalmente para as ações que estavam mais sobrevendidas, como small caps e empresas mais dependentes de juros.

Porém, nenhum desses fatores possui grande potencial de trazer um otimismo mais sustentável e duradouro para o nosso mercado.

Ibovespa x Juros futuros no último mês. Fonte: Bloomberg

O cenário segue muito nebuloso e as sinalizações continuam negativas para os juros e o crescimento das empresas (e suas ações).

Postado originalmente por: Nord Research