Finanças: IDIV: como calcular o índice de dividendos?

O IDIV, ou índice de dividendos, é uma das métricas mais interessantes de se analisar na montagem de uma carteira baseada na busca pela obtenção de proventos.

Muitas pessoas que começam a investir no mercado financeiro têm como principal objetivo conquistar bons dividendos. Para que isso aconteça, é imprescindível que o investidor acompanhe o IDIV, que serve como referência na hora de montar um portfólio com ativos de boa rentabilidade. Assim, você pode ter renda passiva e ativa ao mesmo tempo.

Portanto, o índice IDIV é uma forma eficaz de entender o desempenho de ações que estejam no radar dentro desse quesito. Mas vale ressaltar que a lucratividade não deve ser o único fator a ser considerado.

Não existe a possibilidade de fazer investimentos diretamente em um IDIV, afinal, estamos falando de um índice. Em contrapartida, os rendimentos de uma carteira podem ser atrelados a ele.

Neste artigo, falaremos mais sobre esse assunto, como essa métrica funciona, como calculá-la e suas principais vantagens e desvantagens. Continue a leitura!

Sumário 

• O que é IDIV?
• Como funciona o índice de dividendos?
• Quais são as regras de inclusão e exclusão?
• Qual a composição do IDIV?
• Como calcular o IDIV?
• Quais as vantagens e desvantagens do índice de dividendos?
• Como montar uma carteira de dividendos?

O que é IDIV?

O IDIV é um tipo de indicador de desempenho que visa apresentar quais companhias contam com a melhor rentabilidade e pagamento de dividendos e Juros Sobre Capital Próprio (JCP). Portanto, o índice de dividendos funciona como uma carteira teórica de ativos negociados na bolsa de valores brasileiras, a B3, refletindo a variação dos seus preços.

Ela conta com ativos com as melhores distribuições de proventos do mercado financeiro. Além de mostrar os produtos financeiros mais rentáveis, ela indica suas oscilações de preços e os impactos que a distribuição de proventos podem causar. Ou seja, essas características fazem com que esse seja um índice de retorno total.

O índice IDIV foi criado pela bolsa de valores brasileira, a B3, e também pode ser chamado de IDIV B3. Seu lançamento ocorreu no final de 2005 e, desde então, é atualizado 3 vezes por ano.

Por isso, esse indicador é útil para a renda variável. Neste vídeo, o sócio-fundador e analista de ações da Nord, Bruce Barbosa, recebe o responsável pela carteira de dividendos da Nord, Guilherme Tiglia, para comparar dividendos e renda fixa. Veja mais:

Ações de dividendos para comprar hoje

Como funciona o índice de dividendos?

O índice de dividendos funciona como o resultado da performance média dos ativos que geraram mais proventos aos investidores. Para sinalizar o desempenho, o IDIV considera os ativos 99% mais negociados nas 3 carteiras anteriores. Assim, ele pode ser visualizado para entender o panorama desses produtos financeiros.

Um detalhe importante é que empresas que emitem Brazilian Depositary Receipts (BDRs) não entram no IDIV, que considera apenas ações e units da B3. Além disso, toda e qualquer companhia que passe por recuperação judicial também fica de fora.

As atualizações dessa carteira acontecem a cada três meses, permitindo que sejam feitas alterações em sua composição ou no peso dos diferentes tipos de ações e units. Mas isso não ocorre em todas as empresas, pois algumas delas continuam no índice mesmo com possíveis mudanças.

O resultado é definido em pontos, que sinalizam a quantia a ser paga para adquirir os ativos na proporção apresentada no índice de dividendos. Dessa forma, você pode utilizar essa indicação na sua carteira de investimentos recomendada.

Quais são as regras de inclusão e exclusão do IDIV?

Critérios para inclusão no índice IDIV

• Os ativos precisam ter sido operados em 95% dos pregões nas últimas 3 carteiras.
• Os ativos devem ser elegíveis e representarem 99% do Índice de Negociabilidade.
• É preciso que sejam ações ou units, mas a negociação não pode ser abaixo de R$ 1.
• Elas devem estar entre 33% dos ativos com melhores resultados de dividend yield pelos últimos 3 anos.
• A soma do dividend yield de 12 meses precisa ser superior a 0 por 36 meses consecutivos.

Aqui, é preciso fazer algumas considerações. No segundo ponto, os ativos devem ser elegíveis e ter essa representação do IN em ordem decrescente. Além disso, as ações não podem ser negociadas por menos de R$ 1, porque isso as faria integrar a classificação de penny stock

Critérios para exclusão no índice IDIV

• Não é possível descumprir qualquer um dos critérios de inclusão.
• Não pode ser um Certificado de Depósito de Valores Mobiliários (BDRs).
• Não pode ser aplicações de empresas que estejam em recuperação judicial ou extrajudicial. 
• Não podem ser ativos de companhias submetidas a qualquer regime especial. 

Portanto, basicamente, os critérios de exclusão do IDIV são baseados nos de inclusão. Os ativos que os descumprirem deixam a carteira teórica. Além disso, todos os que não fizerem parte dos 44% dos principais pagadores de dividendos também são retirados do índice.

Qual a composição do IDIV?       

Principais ativos da composição do IDIV

• PETR3 (Petrobras);
• PETR4 (Petrobras);
• CSMG3 (Copasa);
• JBSS3 (JBS);
• CMIG4 (Cemig);
• EGIE3 (Engie Brasil);
• CEPL6 (Copel);
• GGBR4 (Gerdau);
• ITSA4 (Itausa);
• KEPL3 (Kepler Weber);
• PSSA3 (Porto Seguro).

Assim, o Índice de Dividendos tem em sua composição as empresas que apresentam os maiores dividend yields dos últimos dois anos. Basta estarem listadas na bolsa de valores brasileira.

Outro ponto importante é que, como é o caso de Petrobras e outras companhias de capital aberto, uma mesma empresa pode participar com mais de uma ação na carteira teórica.

São elegíveis também aquelas que estejam na lista há menos de um ano, mas que sejam negociadas por pelo menos seis meses. É importante ressaltar que elas precisam ter participado dos últimos pregões em pelo menos 95% do tempo.

Como calcular o IDIV?

O cálculo do IDIV é feito automaticamente pela própria bolsa de valores. Como se trata de um índice total, a matemática considera não apenas a variação nos preços das ações, mas também a distribuição dos dividendos que os papéis proporcionam para quantificar o retorno geral dado pelo ativo.

Vale ressaltar que os cálculos ponderam as diferenças de “peso” de cada ação no índice, visto que nem todas possuem a mesma expressividade no mercado.

É possível investir no IDIV?

Não, não é possível investir no IDIV, porque ele não é um ativo. Portanto, não existe negociação do índice de dividendos na bolsa de valores. Ele é apenas uma carteira teórca. Dessa forma, é preciso escolher ações e units vinculados a ele ou fundos de investimento que o repliquem.

No caso de escolher as ações e os units, é necessário formar uma carteira espelhada. Ou seja, além de saber o que é IDIV, você usa sua composição para selecionar os ativos. Ao mesmo tempo, poderá entender como calcular dividendos a partir do desempenho médio do índice.

Ainda existem várias possibilidades de fundos de investimento. No entanto, elas apresentam taxa de administração e nem sempre pagam dividendos. Então, são detalhes a considerar.

Nesse sentido, um dos fundos mais famosos é o Exchange Traded Fund (ETF) DIVO11, que replica o IDIV. Ele tem uma taxa de administração baixa (0,5% ao ano), mas não paga dividendos.

Quais as vantagens do índice de dividendos? 

• É possível selecionar os ativos pela sua capacidade de distribuir os proventos.
• Fica mais fácil montar uma carteira com as melhores opções do mercado.
• Você pode projetar retornos no longo prazo ao reinvestir os dividendos.
• Você pode obter alta diversificação relacionada ao segmento da economia.
• Existe a oportunidade de se associar a empresas lucrativas e já consolidadas.
• A volatilidade pode ser menor, assim como o risco de prejuízo, devido à solidez das empresas.

Quais as desvantagens do índice de dividendos?

• O Índice de Dividendos considera só as empresas com maior distribuição de receita.
• As companhias que não distribuem dividendos, mas são saudáveis, ficam de fora do radar do investidor.
• A métrica representa um recorte nichado do mercado.
• O índice não avalia outros aspectos, como governança, mercado e situação financeira da empresa.

Como usar o IDIV como benchmark nos investimentos?

Você pode comparar empresas

Uma carteira voltada para a geração de renda passiva por meio de dividendos exige uma avaliação aprofundada dos ativos. Normalmente, utiliza-se a análise fundamentalista, já que o foco é o longo prazo.

Além disso, costuma-se usar outros indicadores, como dividend payout e o dividend yield. Nesse cenário, a composição do IDIV ajuda a ter uma visão mais clara da performance das empresas. Afinal, você verifica os resultados e compara com a média do índice para saber como foi o resultado.

Por exemplo, se o índice IDIV tiver um resultado melhor, vale a pena reavaliar os ativos da carteira. Já se a performance da ação ou unit for mais elevada, há a tendência desse ser um bom investimento.

É possível analisar a carteira de investimentos

Outra opção é usar o processo de saber como calcular dividendos pelo IDIV para analisar uma carteira completa de ações. Na prática, você deixa de avaliar o ativo para entender seu desempenho diante de um portfólio com vários títulos.

Ou seja, você analisa a performance da carteira e compara com o resultado do índice de dividendos. Esse mesmo processo pode ser utilizado para uma carteira recomendada, a fim de saber se vale a pena fazer a alocação de capital.

Fica mais fácil fazer a comparação com outros índices

Mais do que saber o que é IDIV, você pode compará-lo a outros indicadores, como o Ibovespa. Assim, você identifica se o desempenho está melhor ou pior e se vale a pena investir.

Como montar uma carteira de dividendos?

Montar uma carteira de dividendos depende de selecionar empresas sólidas e bem estabelecidas, com histórico consistente de distribuição de dividendos. Você ainda deve analisar o dividend yield, o payout, o lucro por ação e a elevação de receitas, lucros e caixa da empresa. Também é importante diversificar os setores.

Dessa forma, consegue-se evitar concentrar os investimentos em apenas uma empresa ou indústria. Afinal, essa é uma estratégia popular entre investidores que buscam renda passiva e estabilidade financeira.  

Ainda é fundamental analisar os fundamentos das empresas escolhidas, como a saúde financeira, lucratividade e capacidade de gerar caixa. Além disso, é fundamental considerar o dividend yield, indicador que mostra a relação entre os dividendos pagos e o preço da ação.

Por fim, é fundamental ter uma visão de longo prazo e reinvestir os dividendos recebidos. Esse processo, conhecido como “juros compostos“, potencializa os retornos ao longo do tempo. Com disciplina, paciência e uma abordagem cuidadosa na seleção das empresas, é possível construir um portfólio sólido e rentável para alcançar seus objetivos financeiros.

Assim, o índice de dividendos (IDIV) se torna uma ferramenta essencial para a análise da carteira e a obtenção de bons resultados na renda variável. Especialmente, se o foco for o longo prazo. Basta seguir as indicações apresentadas ao longo deste post.

Gostou do nosso conteúdo sobre o IDIV e como ele funciona? Leia nosso site para se manter informado sobre as principais novidades a respeito do mercado financeiro. Você também pode entrar em contato com a Nord Investimentos e conhecer nossos serviços focados em dividendos.

Resumindo

O que é o indicador IDIV?

O indicador IDIV é um índice de retorno total de mercado que representa o comportamento das empresas listadas na bolsa de valores brasileira com os melhores números em termos de distribuição de dividendos. Ele é composto por ações e units de empresas reconhecida, entre as quais estão gigantes nacionais como Vale, Cemig e Petrobras.

Como comprar o IDIV?

Não é possível comprar o IDIV por se tratar de um índice de mercado. A solução para atender a esse objetivo é aplicar seu capital em Exchange Traded Funds (EFTs) que repliquem o comportamento dessa métrica. No caso desse indicador, há o fundo de índice DIVO11 como opção. Outra alternativa é formar uma carteira com as mesmas ações.

Quais ações compõem o IDIV? 

• PETR3 (Petrobras).
• PETR4 (Petrobras).
• CSMG3 (Copasa).
• JBSS3 (JBS).
• CMIG4 (Cemig).
• EGIE3 (Engie Brasil).
• CEPL6 (Copel).
• GGBR4 (Gerdau).
• ITSA4 (Itausa).
• KEPL3 (Kepler Weber).
• PSSA3 (Porto Seguro).

Postado originalmente por: Nord Research