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Finanças: GFSA3 sobe +30% com possível investida de Nelson Tanure

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As ações da Gafisa (GFSA3) chegaram a subir +34,65% no último pregão, a R$ 4,78, ante novos rumores de injeção de capital por um fundo gerido pelo empresário Nelson Tanure, acionista de referência da companhia. 

Ao final das negociações, o avanço foi de +29,86%, a R$ 4,61.

Manchete do portal SpaceMoney diz "Gafisa tem disparada de 30% nas ações, com rumores sobre Tanure"
Fonte: SpaceMoney

A euforia foi tamanha que os papéis entraram três vezes em leilão por oscilação máxima permitida. O mecanismo é acionado para proteger o investidor de fortes oscilações do mercado em um período. 

Questionada pela CVM, a Gafisa informou que não tem conhecimento de nada que pudesse justificar o movimento de ontem. É impressionante que a maioria das empresas nunca sabe o que acontece com seus papéis. 

Finge que me engana que eu finjo que acredito. 

 Fato relevante alta das ações GFSA3
Fonte: Gafisa

O que sabemos, de fato, é o que vimos na última sessão. Será que estamos diante de uma janela de oportunidade para ganhar dinheiro com GFSA3? Vamos descobrir.

Tanure e Gafisa

Nelson Tanure é um rosto conhecido pelos investidores brasileiros, principalmente para os acionistas da PRIO (PRIO3).

O investidor é famoso por seu apetite por empresas em algum tipo de reestruturação. Vale lembrar que, antes da PRIO se tornar o sucesso que é hoje, ela passou por alguns anos de recuperação operacional e financeira após Tanure assumir a HRT em 2013 — que depois viraria PetroRio e, hoje, PRIO.

Atualmente, o empresário é acionista de referência da Gafisa e, segundo relatos, estaria realizando uma série de aumentos de capital para comprar as ações mais baratas. 

Contudo, não é porque PRIO se confirmou como um grande caso de sucesso em seu mercado e na bolsa que, necessariamente, Gafisa ou outras investidas seguirão o mesmo caminho. Em outras palavras, não é porque Tanure está comprando que devemos comprar também.

Ilustração do empresário Nelson Tanure
Fonte: Brazil Journal

Espremendo os vendidos

Nossos leitores mais assíduos vão se lembrar que, logo no início do ano, os papéis da construtora registraram alta de mais de +400% em apenas seis pregões.  

O movimento, porém, não era explicado por uma melhora nas perspectivas da Gafisa e, consequentemente, no humor de seus acionistas. Na verdade, o que vimos foi o famoso short squeeze

Um short squeeze acontece quando os investidores que estão vendidos em uma posição são obrigados a zerá-la devido a uma forte pressão compradora, o que faz com que as ações disparem na bolsa.

Isso aconteceu com Gafisa recentemente e se tornou notório com os papéis da americana GameStop em 2021 (vale assistir ao documentário na Netflix). 

Mas a alta de Gafisa ontem, 19, pode ser considerada como um short squeeze ou pelo menos o início de um possível movimento semelhante ao que foi visto no início do ano? Creio que não

O volume financeiro do último pregão foi bem superior à média diária da empresa, mas ainda bem menor do que o movimento de janeiro. Além disso, em junho, as ações da Gafisa também já haviam registrado alta de +33%, entretanto, logo em seguida, devolveram tudo. 

Com ou sem short squeeze, com Tanure comprando ou não, a verdade é que as ações da construtora ainda estão muito longe de retomar os patamares anteriormente negociados.

Desde 2021, GFSA3 apresenta queda de mais de -90% (para recuperar uma baixa como essa, uma ação teria que subir +900%).

Desempenho de GFSA3 nos últimos três anos
Fonte: Bloomberg

Cotações seguem resultados

A queda, contudo, é apenas uma consequência dos resultados ruins que a Gafisa vem entregando aos seus acionistas. 

Nos últimos 12 meses, a construtora acumula prejuízo de quase R$ 200 milhões, revertendo o lucro que vinha apresentando até 2021. 

Além do cenário altamente desafiador para o setor no país, com os juros elevados impactando o consumo da população e os custos da construção pressionando as margens das empresas, a Gafisa vem sofrendo com alguns problemas operacionais e outros relacionados à sua gestão, e ainda possui um endividamento muito alto.

Tudo isso vem causando uma forte pressão em seus resultados e, como você já deve estar cansado de saber, cotações seguem resultados. Lucro para baixo, ações para baixo.

Histórico de lucro e prejuízo de Gafisa e o desempenho dos seus papéis nos últimos três anos
Fonte: Bloomberg