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Finanças: Gabriel Galípolo e os desafios econômicos do Brasil

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Nos últimos anos, a economia brasileira enfrentou uma série de desafios marcados por erros de análise econômica que deixaram marcas profundas em nossa história. 

Essas falhas, desde o descontrole fiscal até a instabilidade política, não apenas moldaram os períodos de crise, como também ressoaram em efeitos duradouros nos prêmios de risco do mercado. 

Relembrar esses erros, analisá-los e entender o que não funcionou é essencial para que eles não se repitam.

Essa é a única forma de garantir que o país sempre ande para a frente.

1. Descontrole fiscal e endividamento crescente

A negligência em relação ao controle fiscal resultou em déficits orçamentários persistentes e no aumento significativo da dívida pública. Um exemplo concreto foi o elevado gasto público sem correspondente aumento na arrecadação em 2014, 2015 e 2016. 

É importante notar que também tivemos um aumento dos gastos públicos durante 2005-2008, mas esses gastos foram acompanhados de alto crescimento econômico, não importando tanto para a trajetória da dívida pública. 

O problema não é o crescimento dos gastos em si, mas o crescimento sem a correspondência das receitas.

Como tudo na vida, deve-se buscar o equilíbrio

2. Intervencionismo desordenado

Políticas intervencionistas no setor econômico, como controle de preços e subsídios indiscriminados, geraram distorções e ineficiências. 

Um exemplo notório foi o congelamento de preços usado diversas vezes durante o Plano Cruzado. 

Quando o produtor não consegue repassar o aumento do custo dos insumos para o consumidor final, ele simplesmente para de produzir para não entrar no prejuízo. 

Isso gera desabastecimento generalizado na economia. 

3. Instabilidade política e incerteza

Períodos de instabilidade política geraram incertezas, prejudicando o ambiente de negócios e inibindo investimentos. 

A crise política que culminou no impeachment presidencial é um exemplo evidente dessas turbulências.

Reeleições presidenciais não alteram muito os preços de mercado, uma vez que já se conhece a cabeça dos governantes. 

Eleições de novos candidatos tendem a gerar cautela dos investidores por possíveis alterações de leis e regras. 

4. Desconsideração de fatores externos

Muitas vezes, a economia brasileira negligenciou eventos globais como crises financeiras e mudanças no cenário internacional de comércio. A falta de adaptação a esses fatores afetou a resiliência econômica do país.

A marolinha da crise do subprime nos pegou em cheio. A Covid-19 também. Tudo isso alterou completamente o rumo das políticas públicas e das prioridades econômicas. 

5. Inflação acima da meta

A condução da política monetária sempre enfrentou um braço de ferro com os governos, que priorizam o crescimento econômico. 

Mas não existe crescimento consciente sem o controle da inflação

Até podemos ver um crescimento de curto prazo, porém ele é rapidamente “devorado” pela inflação que persiste acima das metas estabelecidas.

A verdade é que não há trade off entre crescimento e inflação controlada, pois o primeiro simplesmente não existe se o segundo não existir. 

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6. Baixa produtividade e investimento insuficiente

Investimentos inadequados em educação e infraestrutura resultaram em baixa produtividade, prejudicando a competitividade do país nas últimas décadas. A infraestrutura logística deficiente é um exemplo palpável desse cenário.

Esse é o problema número um do Brasil, que nos deixa sempre na lanterna das grandes evoluções tecnológicas globais. 

Sempre escolhemos abrir mão do investimento em troca de outros gastos emergenciais. Com isso, fomos sucateando a nossa economia. 

Só poderemos realmente vislumbrar um país melhor quando o percentual de gastos com investimentos aumentar, equiparando-se aos países desenvolvidos. 

7. Variações cambiais desordenadas

Oscilações excessivas na taxa de câmbio impactaram negativamente a estabilidade econômica, afetando setores sensíveis à variação cambial. 

A desvalorização abrupta da moeda em momentos de crise é um exemplo desses desafios.

Quem aqui se recorda da Aracruz e dos prejuízos milionários com operações alavancadas de câmbio? 

Esses erros de análise refletem a complexidade e os desafios enfrentados pela economia brasileira nos últimos anos.

Está mais do que na hora de superarmos esses erros e seguirmos no caminho da responsabilidade e do crescimento econômico sem aventuras. 

Talvez a queda da inflação em 2024 seja mais lenta do que o mercado gostaria.

Se isso for verdade, o novo presidente do banco central, Gabriel Galípolo (Roberto Campos Neto encerra o seu mandato no fim deste ano) terá um papel fundamental na nossa economia e no futuro do país. 

Se seguirmos o caminho da prudência e controle da inflação, mesmo em um governo mais desenvolvimentista, teremos a certeza de que o país evoluiu institucionalmente. 

Isso seria um caminho sem volta rumo à prosperidade.

Quem é Galípolo?

Em maio de 2023, o economista Gabriel Muricca Galípolo, de 41 anos, foi indicado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para assumir a Diretoria de Política Monetária do Banco Central do Brasil. Galípolo possivelmente deve assumir a presidência do BC em 2024, na sucessão de Roberto Campos Neto.

De 2017 a 2021, Galípolo foi presidente do banco Fator e deixou a instituição durante uma reestruturação após a venda da Fator Corretora para o BTG Pactual. Ele também atuou como conselheiro na Federação das Indústrias do Estado de São paulo (Fiesp) de 2022 a 2023 e assumiu a secretaria-executiva da Fazenda entre janeiro e agosto de 2023. Galípolo foi exonerado do cargo pela indicação ao Banco Central.

Postado originalmente por: Nord Research