Não é novidade que o Brasil é uma das maiores referências do mundo quando se trata do agronegócio.
Em plena ascensão, o setor mais sólido do Brasil foi responsável por mais de 1/4 do PIB brasileiro e se tornou uma grande “fábrica” de bilionários, não somente do ano de 2022 como também das últimas décadas.
Inclusive, o número de pessoas físicas que investem em CRAs, LCAs e Fiagros praticamente dobrou de 2021 para 2022 — e as perspectivas para 2023 seguem otimistas.
A pergunta é: você já possui investimentos no Agro?
Se você ainda não expôs parte do seu patrimônio — pelo menos, um pouco — às vastas oportunidades desse setor, continue a leitura.
O que são Fiagros?
O Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) é uma junção dos recursos de vários investidores para a aplicação em ativos atrelados ao agronegócio, sejam eles de natureza imobiliária rural, de dívidas ou de atividades relacionadas à produção do setor.
Quais são os tipos de Fiagro?
De acordo com a lei 14.130/2021, os Fiagros podem ser negociados nas seguintes categorias:
Fiagro-FIDC: são fiagros que seguem a estrutura dos FIDCs para investimentos em direitos creditórios da agroindústria.
Fiagro-FIP: fiagros com propósito de investimento em participações em sociedades, ou seja, ativos reais, como fazendas, florestas, entre outros.
Fiagro- FII (imobiliários): voltados para investimentos em ativos imobiliários e títulos constituídos nos termos da Instrução CVM 472.
As cotas das duas primeiras classes do produto só podem ser distribuídas para investidores qualificados, enquanto os Fiagros-FIIs são liberados ao público em geral, como ocorre em grande parte dos Fundos Imobiliários.
Como funcionam os Fiagro-FII?
No que se refere aos Fiagros-FIIs, que serão o foco da nossa análise por serem o principal veículo para o pequeno investidor, temos uma estrutura muito semelhante à dos FIIs, com mandatos de investimentos definidos, taxas de administração/gestão e performance, gestoras especializadas, entre outros.
Além disso, eles também seguem as mesmas regras tributárias dos FIIs. A diferença é que a política de investimentos desses veículos tem o foco voltado para o agro, sendo que podemos diferenciá-los em duas principais classes:
- Fiagros de equity: aqueles cujo mandato é voltado para compra direta de terras e/ou imóveis atrelados ao setor agrícola;
- Fiagros de dívida: focados em aplicar seus recursos em instrumentos de dívida no setor, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e as LCAs, ainda que também possam investir seus recursos em CRIs com lastros em imóveis rurais.
Outra diferença importante desses ativos em relação aos FIIs é a não obrigatoriedade da distribuição de 95% dos lucros auferidos no semestre. Nesse caso, cabe ao gestor definir a política de distribuição do fundo.
Um mercado em expansão
Segundo o boletim mensal divulgado pela B3, o número de investidores de Fiagros está próximo a 260 mil, sendo que as pessoas físicas representam 92,4% desse total.
Ainda que seja um número muito inferior ao de investidores de FIIs, o qual já ultrapassou os 2,13 milhões, trata-se de um número bastante expressivo para uma classe de ativos nascente. Isso sem falar no crescimento exponencial do número de investidores que temos observado de janeiro de 2022 para cá (+744%).
Atualmente, há 29 Fiagros negociados em Bolsa, sendo que a maioria é focada em produtos de crédito voltados ao agronegócio (CRAs), ou seja, são “Fiagros de papel”.
Essa dinâmica acaba chamando a atenção, já que a elevada concentração desta classe em produtos de crédito pode sinalizar alguma dificuldade na execução de estratégias associadas à compra direta de terras e/ou imóveis atrelados ao setor.
Será preciso tempo para que possamos ter uma melhor leitura sobre essa questão, mas eventuais dificuldades em implementar estratégias ligadas a equity do segmento é algo para se ter no radar, até mesmo pelas experiências passadas observadas nos FIIs do agronegócio, como o caso do Quasar Agro (QAGR11).
Postado originalmente por: Nord Research