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Finanças: C6: o banco que tem JPMorgan como sócio

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O Banco Central aprovou a compra de 40 por cento do C6 Bank pelo JPMorgan Chase e pôs o gigante dos EUA no páreo digital. O negócio foi anunciado em junho do ano passado e contava com o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

O volume da operação girou em torno de 10 bilhões de reais, elevando o valuation do C6 para cerca de 25 bilhões de reais — valor de mercado próximo aos bancos digitais, Inter (BIDI11) e aproximadamente 10 por cento do Nubank (NYSE: NU) na cotação atual de 11,09 dólares.  

Indústria bancária

O segmento de bancos digitais está crescendo no país, e a concorrência na área está cada dia mais forte.

Nomes como Inter, BTG Pactual digital, XP Investimentos, Nubank e Banco Pan já marcam presença no cenário.

Para contextualizar a indústria bancária, decidimos atualizar nossa cobertura dos bancos digitais com um mergulho profundo no setor e nos resultados reportados no quarto trimestre do ano passado.

O analista Victor Bueno, da série Nord 10X, é o autor deste conteúdo exclusivo aos leitores assíduos da nossa newsletter.

Sobre o C6

O C6 Bank, fundado em 2019 por ex-sócios do BTG Pactual, atualmente conta com mais de 11 milhões de clientes, sendo um dos bancos digitais que mais vêm crescendo e ganhando participação no mercado brasileiro. Apesar de atender diversos tipos de público, seus serviços são focados em clientes de alta renda. Acreditamos que essa característica chamou a atenção do JP Morgan, que possui uma estratégia global de crescimento no varejo, mas mantendo seu posicionamento “premium”.

Destacamos que o C6 havia participado de uma rodada de investimentos que teve o Credit Suisse como agente financeiro, em dezembro de 2020, quando recebeu aporte de 1,3 bilhão de reais de 40 investidores privados, sendo avaliado em mais de 11 bilhões de reais, tornando-se, assim, o 13° unicórnio (empresa que vale mais de 1 bilhão de reais) do Brasil.

Agora, com mais de 10 bilhões de reais disponíveis em caixa, o C6 poderá quitar parte de suas dívidas e alocar grande parte desses recursos para acelerar seu crescimento, consolidando-se como um dos maiores bancos digitais do Brasil.

Nosso analista avalia que o valor captado reduz também a necessidade da empresa em realizar um IPO em um futuro próximo. Nesse sentido, não veremos um concorrente direto para o Inter ou o Nubank na bolsa de valores nos próximos anos.

No nosso entendimento, como o C6 já tem um posicionamento no mercado de investimentos, além de possuir uma série de escritórios autorizados que auxiliam os clientes a abrirem conta corrente e oferecem produtos e serviços financeiros disponíveis no portfólio do C6 Bank, o JP Morgan também enxergou uma oportunidade de expansão dentro do varejo brasileiro.

A estratégia dos players digitais

Mesmo adotando estratégias parecidas com o que o BTG Pactual vem desenvolvendo e com o que a XP Investimentos já fazia há tempos, acreditamos que o mais provável é que o C6 acirre a competição entre os bancos digitais no Brasil.

Apesar de “jovem”, notamos que o C6 se mostra um banco maduro e possui um ecossistema mais completo do que players com mais tempo de mercado, como o Nubank.

Em competição, precisamos destacar que grande parte dos 11 milhões de clientes do C6 veio da parceria bem-sucedida com a TIM Brasil. Os usuários da operadora conseguem usufruir de um pacote extra de internet e também melhores opções de investimentos por meio da plataforma do banco.

Outro ponto é que a fintech tem conseguido acelerar o aumento da base e monetizar melhor ao oferecer produtos e serviços que vão além do cartão de crédito.

Já no aplicativo, o C6 vem mostrando sua capacidade de agregar valor, oferecendo  marketplace (C6 Store), plataforma de investimentos, conta global (em dólar e em euro), tag de pedágio (C6 Tag), maquininha de cartão para empreendedores, entre outros produtos.

Nesse ponto, comparamos mais uma vez com Nubank, que possui quase 5 vezes mais clientes do que o C6, além de mais tempo dentro desse mercado de bancos digitais.

É visível como o C6, em menos tempo, já oferece mais soluções aos clientes em comparação ao banco do cartão roxo. Mesmo que ainda seja cedo para falar de números e não tenhamos acesso às informações financeiras atualizadas (por ainda não estarem listados em bolsa de valores), é possível ver a importância da diversificação de receitas do C6 a fim de reduzir a dependência dos cartões de crédito.

Talvez, a comparação mais justa seja entre o C6 e o Inter, que oferece o maior e mais completo ecossistema do Brasil entre os bancos digitais atualmente.

De um lado, o Inter, com mais experiência, tendo dobrado a sua base de clientes no último ano e sabendo comprovadamente monetizar essa base com um enorme leque de produtos e serviços. Do outro, o C6, com maior foco na população de mais alta renda e que tem sido criativo em explorar parcerias estratégicas — além de ter a modelo Gisele Bündchen como garota-propaganda.

Acreditamos que o Inter é capaz de gerar mais receita de serviços porque, além de oferecer praticamente tudo o que o C6 oferece, o banco laranja ainda tem uma operadora de celular própria, oferece financiamento imobiliário, consórcio e seguros, possui planos de assinatura de games e vários outros serviços no Super App.

Serviços oferecidos pelos bancos digitais.
Serviços oferecidos pelos bancos digitais. Fonte: Nord Research, Inter, C6 e Nubank.

Postado originalmente por: Nord Research