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Finanças: Reabertura de negócios

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Enquanto economias globais ensaiam reabertura, sismo político local nos joga de volta ao famigerado “presidencialismo de coalizão”

Para fechar o mês

A última semana de Abril começa com sinalizações positivas nos mercados globais. Graduais movimentos em direção à reabertura de economias-chave dos dois lados do Atlântico e resultados corporativos dão o tom.

Além disso, a semana promete ser agitada no front do noticiário econômico, com diversas divulgações de indicadores de atividade e anúncios de decisões de política monetária — Fed, ECB e BOJ estão na fila.

Mercados asiáticos tiveram madrugada positiva, na esteira da remoção de limites e expansão de escopo do programa de recompras do banco central japonês. Praças europeias em alta, acertando o passo com o restante do mundo após permanecerem fechadas na última sexta-feira. Nos Estados Unidos, futuros operando no campo positivo ante menores números de fatalidades e movimentações pela reabertura.

Por aqui, a balança deve oscilar entre o melhor cenário externo e as repercussões do noticiário político local — tudo indica que este foi um final de semana agitado em Brasília…

Sonho adiado

Permitam-me uma consideração muitíssimo pessoal. Falo aqui exclusivamente por mim: é frustrante constatar que, em meio a uma situação tão complicada como a que atualmente vivemos, ainda nos deparamos com a necessidade de voltar os olhos para a Capital Federal por conta de um novo sismo político.

Foi de intensa azia a última sexta-feira, na esteira da saída de Sergio Moro do governo. Acusações contra o presidente têm tudo para dar pano pra manga, principalmente se evidências mais concretas do que foi dito forem apresentadas.

A reação da classe política foi rápida: o famigerado centrão não hesitou em acenar ao governo com apoio. Esse apoio, porém, nunca sai de graça…

Alguns cenários possíveis se descortinam à frente: no que me parece, por ora, o mais provável, voltamos ao famigerado presidencialismo de coalizão e o Executivo precisará aprender a negociar com Congresso. A julgar pelo nosso histórico, isto há de se traduzir em um orçamento mais frouxo, com possíveis repercussões no front fiscal.

Uma eventual intensificação da artilharia pesada no front político, por outro lado, pode ameaçar a sustentabilidade do governo atual. A possibilidade de Bolsonaro não chegar ao final do mandato não pode ser descartada.

Entre um cenário e outro, possível dificuldade na implementação de medidas e novas investidas do Parlamento pela captura do protagonismo na situação atual.

Eu sonhava com tempos nos quais poderia me dedicar mais ao acompanhamento do noticiário corporativo do que às páginas políticas. Acho que meu sonho foi adiado mais uma vez.

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Olha a faca

Não é somente em Brasília que negociações seguem a todo vapor: as últimas semanas têm sido intensas, também, entre Empresas e Bancos, tendo como ordem do dia reperfilamentos de dívida.

Com o avanço do segundo trimestre — e, principalmente, à luz de impactos mais concretos da pandemia —, muita gente acendeu o sinal amarelo. Conservar caixa é uma prioridade em meio a vendas fracas (ou, em alguns segmentos, beirando inexistentes). Hora de buscar alternativas às dívidas vincendas.

O lado das instituições financeiras, predomina o entendimento de que há pouco a ganhar em se manter uma postura inflexível. Pelo contrário: a ordem geral deve ser possibilitar a pedalada das operações em aberto.

Mas isso tem um preço: rolagens de dívida estão saindo substancialmente mais caras do que o usual e eventuais quebras de covenants de crédito deverão ser sobrepenalizadas. A facada é a oportunidade do banqueiro de fazer resultado em cima da situação atual — e, talvez, mitigar efeitos de inadimplências de outras ordens, de mais difícil recuperação.

Os efeitos disso deveremos ver em resultados financeiros mais pesados, por parte das Empresas, nos trimestres subsequentes. A ver.

Arremeteu

Já fazia algum tempo que eu vinha acompanhando cada capítulo da novela protagonizada pela Boeing e pelo astro tupiniquim da aviação — a Embraer (EMBR3).Com a gigante gringa cada vez mais enrolada com as repercussões das falhas do best seller 737-Max, os riscos de dois anos de tratativas para combinação dos negócios pareciam crescentes.

Nesse sentido, o coronavírus foi a gota d’água: extremamente pressionada no curto prazo e com incertezas ante o cenário da aviação comercial pós-pandemia, a Boeing arremeteu.

Deixa Embraer em uma situação potencialmente ruim: após avançar sobre a canadense Bombardier, a Airbus ganha espaço aceleradamente no mesmo nicho disputado pelos E-Jets. Além disso, este mesmo segmento é contestado por novos entrantes com deep pockets, como a chinesa Comac.

Boeing alega que Embraer descumpriu requisitos ao deal. Embraer nega, e acusa a contraparte de buscar pretextos para se desvencilhar do acordo por conta das mudanças de cenário.

O tempo perdido pela Embraer tende a impactar seu desempenho no futuro próximo, e certamente uma longa arbitragem contra a Boeing está à caminho. Pelo sim, pelo não, melhor apertar os cintos: deve vir turbulência pesada pela frente.

Postado originalmente por: Nord Research