Por Bruce Barbosa
Sim, mas (talvez) não da forma que você imagina.
O fim de 50 anos de juros baixos
Em todas as mesas de operação, nos fundos de investimento, nas casas de análise independentes (nas dependentes também), nas mesas de jantar das pessoas físicas, só se fala nisso.
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está subindo os juros (mais do que o mercado espera).
Após mais de 50 anos de juros baixos (baixíssimos) no mundo, a festa acabou.
A economia americana está forte demais e a inflação por lá passa dos 8 por cento ao ano (a meta deles é 2 por cento).
A China não exporta mais desinflação (produtos baratos feitos por trabalhadores baratos) e a era de juros baixos globais chegou ao fim.
É o fim?
O inverno dos mercados globais?
Os analistas de renda fixa já imaginam a imagem abaixo.
Até sacaneei a Marilia ontem que ela é pessimista demais, mas faz sentido (eu aprendo muito de macro com ela).
Entender de macroeconomia é importantíssimo para não se meter em enrascadas.
Para quem olha para os juros americanos a 0,5 por cento ao ano e precisando subir forte (até 3 por cento ou mais), o caminho é árduo.
O pessoal do “fintwit” (comunidade financeira no Twitter) também está bem pessimista.
Olhem só a enorme diferença de opinião entre o Instagram (esquerda) e Twitter (direita).
Faz sentido. Enquanto o pessoal do Twitter se ataca, o pessoal do Insta posta fotos em Trancoso tomando caipirinhas coloridas…
O que você acha?
Pânico nas bolsas
Sexta passada, os mercados panicaram com Jerome Powell (presidente do FED) sinalizando a necessidade de altas nos juros maiores do que o mercado precificava.
O poderoso SPX já caiu -10 por cento este ano, enquanto nosso Ibovespa sobe +23 por cento em dólares.
Somos a melhor bolsa do mundo em 2022. Faz sentido?
Vamos despencar com juros subindo?
Quem está certo? O Twitter ou o Insta?
Senta que lá vem história
Olhar para o desempenho dos mercados só em 2022 é um pouco ardiloso… Vamos tentar fazer uma análise (super) rápida muito mais longa.
Os últimos 10 anos foram péssimos para a economia brasileira e ficamos para trás do mundo.
Com a economia interna parada, nossa bolsa, concentrada em commodities, foi puxada pelas matérias-primas.
Já o SPX americano, não. Foram anos de fartura para os americanos que compraram ações lá. Mas, como sempre, o mercado vai longe demais (como dizia Benjamin Graham, o mercado é maníaco-depressivo).
Com juros baixíssimos e economia pujante, o SPX negocia a múltiplos elevados (22x lucros e 15x Ebitda).
Com juros altos e economia fraca, o IBOV negocia a múltiplos baixos (7x lucros e 4x Ebitda).
(Quanto menores os múltiplos, “mais barato”. A 10x preço/lucro, com um lucro de 10 reais, você paga 100 reais, a 5x, um lucro de 10 reais são apenas 50 reais).
EUA caro e Brasil barato?
Postado originalmente por: Nord Research