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Finanças: Atingir metas

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Desde que eu saí da faculdade e entrei no mercado de trabalho faço planilhas projetando o quanto eu teria que acumular para ter a minha tão sonhada liberdade financeira.

É o meu lado "tio patinhas" misturado com um excesso de organização.

Eu decidi que queria trabalhar durante 30 anos, e me perguntava quanto eu teria que acumular por mês, para ter um determinado valor no futuro.

Em 2008, com a taxa de longo prazo em 16 por cento, se eu conseguisse acumular 1 mil reais por mês, depois de 30 anos eu teria 6 milhões e 800 mil reais.

Nada mal  eu pensava. Ser rica seria só uma questão de tempo. Ilhas particulares, jatinhos e carros importados faziam parte do meu imaginário.

Já em 2012, com a taxa longa caindo para 10 por cento, a mesma conta dava 2 milhões de reais. Já não me parecia tão atraente, mas ainda me imaginava em uma praia paradisíaca tomando drinks com óculos de sol de mafioso.

Mas em 2020, se alguém decidisse fazer a mesma conta, usando a taxa longa de 7 por cento, teria um patrimônio acumulado em torno de 1 milhão de reais. Que decepção, não é mesmo?

Não é nada ruim, mas trabalhar por 30 anos quase não faria de mim uma milionária. Ser rica deixaria de ser uma questão de tempo, e envolveria eu conseguir acumular mais dinheiro.

Se eu acumulasse 6 mil reais por mês, chegaria nos mesmos 7 milhões de 2008. Mas acumular 6 mil por mês já não parece tão trivial.

Claro que essas contas são bem simplistas e não consideram inflação.

Mas mesmo neste exemplo bem simples, podemos tirar duas conclusões bem importantes sobre o momento atual:

  1. Quanto menor for a taxa de juros de um país, mais você precisa acumular de poupança para ter o mesmo fluxo mensal na aposentadoria.

e/ou

  1. Quando menor for a taxa de juros de um país, maior é a sua necessidade de tomar mais risco nos seus investimentos, procurando aumentar o retorno da sua carteira.

Por esses motivos, nos EUA 65 por cento das pessoas investem em ações.

Essa é uma realidade nova para o nosso país, que era conhecido como o paraíso dos rentistas. E a atual situação, sinto muito dizer, não vai embora.

Estamos passando por uma série de longos processos de modernização da nossa economia, iniciados no governo Temer, e continuados pelo atual governo.

Esses processos vêm permitindo uma taxa de juros estruturalmente mais baixa.

A taxa de juros só pode ser mais baixa se a inflação for mais baixa.

Ontem tivemos não apenas 1, mas 3 eventos que confirmam a tese do novo normal na taxa de juros.

  1. IPCA 15 de junho ficou em 0,02 por cento

O último dado de IPCA mostrou uma inflação beirando ZERO. Mas isso não foi só um caso isolado. Quando olhamos os dados históricos de inflação vemos uma taxa que ronda o limite inferior da meta de inflação desde janeiro de 2018. A queda iniciou em 2016, e foi muito consistente desde então.

Fonte: Gilberto Borça Jr – Twitter

Mas o Banco Central não olha apenas a inflação cheia, ou seja, o índice total. Ele olha também os chamados núcleos.

Os núcleos excluem os itens mais sensíveis a choques. É bom ter essa noção, pois não faria sentido o BC subir os juros por conta do preço do chuchu.

Quando olhamos esses núcleos, percebemos que desde maio de 2017 eles transitam entre a banda inferior da meta e, recentemente com a crise econômica, eles deram uma importante mergulhada para o terreno negativo.

Fonte: Gilberto Borça Jr – Twitter

  1. Relatório de Inflação mostra projeções abaixo da meta

Ontem também foi publicado o relatório trimestral de inflação do Banco Central. Este relatório mostra as projeções do seu modelo para a inflação futura.

O que ele mostrou foi que em todos os cenários o cálculo apresenta uma expectativa do IPCA seguir abaixo da meta nos próximos 2 anos:

Fonte: Relatório Trimestral de Inflação – Banco Central do Brasil

Não por outro motivo, o mercado precifica as chances da Selic continuar caindo, para que o BC consiga atingir a meta.

  1. Conselho Monetário Nacional reduz meta de inflação de 2023 para 3,25 por cento

Por último, tivemos ontem o CMN (Conselho Monetário Nacional) reduzindo a meta de inflação para 2023, e com isso, seguimos a política iniciada em 2017 de tornar a meta de inflação algo mais parecido com o resto do mundo.

O que isso tudo significa para seus investimentos?

Eu não sei se o Banco Central vai decidir cair mais a Selic ou deixar ela baixa por mais tempo. O que eu sei é que os juros baixos vieram para ficar.

As mudanças feitas desde 2017, como a alteração da TJLP, o teto de gastos, a reforma trabalhista, o controle de inflação, a reforma da previdência, entre outros, permitiram que o Brasil se tornasse um país um pouco mais parecido com o resto do mundo.

Isso significa que, quando você for encarnar o "Tio Patinhas" e rodar a sua planilha para atingir a sua meta de patrimônio na aposentadoria, vai se dar conta que hoje precisa de muito mais recursos do que antes.

Vai perceber também que com o retorno apenas de títulos conservadores, vai ficar muito difícil chegar lá.

Será preciso dar um pouco mais de atenção para os seus investimentos.

Essa mudança já começou! No Nord Advisor, eu fiz um curso completo chamado IMERSÃO. Os objetivos eram aprender a criar uma carteira, misturar ativos e riscos e encontrar o seu perfil de aversão ao risco.

E esse curso não foi ideia minha. Foi criado a pedido dos assinantes, pela urgência que eles sentiam em entender esses tópicos.

A realidade está se impondo para milhares de famílias. A bolsa não para de receber mais investidores, mas ela não deixou de ser arriscada por conta disso.

Não vai ser fácil sair da inércia, mas vai ser completamente libertador.

Conte conosco nessa jornada.

Abraços,

Postado originalmente por: Nord Research