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Blog do Leo Lasmar – Alô Everson, como diz a música: “goleiro não pode falhar”.

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Leandro Pedro Vuaden acabara de apitar o fim de Ceará 2 x 1 Atlético. Enquanto Cuca parte irado em direção ao árbitro, esbravejando adjetivos nada amigáveis, Everson pede a palavra na transmissão do Premiere. Ele aguarda impaciente. Ergue a cabeça, olha para o alto, para o lado, para o chão. Respira fundo, sorri sem graça e, enfim, diz:

“Só pedir desculpas ao torcedor, aos companheiros. Infelizmente eu não estava em uma noite feliz. (…) Vim aqui mesmo dar a cara a tapa, assumir a responsabilidade da derrota, que foi toda minha”.

Everson despontou para o cenário nacional com a camisa do Ceará, em 2018. Com boa postura debaixo do poste e (principalmente) qualidade acima da média no jogo com os pés, ganhou admiração de Jorge Sampaoli. O argentino o levou ao Santos e, depois, ao Atlético, onde sempre foi titular absoluto.

Mas se a famosa “lei do ex” prega que aquele que enfrenta o ex-clube esteja predestinado a ser herói, Everson teve noite de vilão. Uma noite (como ele mesmo destacou) nada feliz, com tons de um enredo cruel.

Quis o destino que justamente com a bola nos pés começasse a atuação trágica do goleiro no Castelão. Everson tentou um lançamento outrora ‘comum’ para Guilherme Arana, mas errou. Um presentaço para Lima, que não desperdiçou: 1 a 0 Ceará.

Tudo isso com menos de três minutos de bola rolando. Se contra o Internacional, o início fulminante do Atlético foi o que determinou a vitória gigante no Beira-Rio, aqui foi ruína. O Galo, atordoado com o gol relâmpago, se viu nervoso e abatido, sem o contra-ataque que entrou para apostar.

Os primeiros 45 minutos poderiam ter fim muito pior, não fosse o roteiro singular escrito para Everson na noite desse 24 de junho. Acredite ou não, foi ele o grande nome da equipe no primeiro tempo.

O goleiro fez pelo menos três grandes defesas – uma cara a cara com Lima e outra no puro reflexo, após desvio na zaga no chute de Saulo, e uma boa intervenção na finalização de Jorginho. Não fosse ele, as mudanças de Cuca no intervalo teriam sido completamente em vão.

O Atlético sente muita, mas muita falta de Nacho Fernández. Hyoran, de novo, não fez boa partida. Zaracho parece longe da forma física e técnica anteriores à Covid. Keno não consegue recuperar a confiança de 2020.

As coisas só começaram a melhorar quando a garotada foi acionada. Felipe Felício entrou já no intervalo, Calebe pouco depois (na vaga de Arana, que saiu por não conseguir estancar um sangramento na cabeça). Os dois deram nova dinâmica ao ataque, que passou a ser mais efetivo.

Na maior parte do segundo tempo, o principal personagem desta história foi um mero observador, quase figurante. De sua meta, longe das principais ações do jogo, Everson via o Galo ficar com a bola, até criar boas chances, mas ser ineficaz nas finalizações.

Aos 26, a bola entrou. O escanteio de Guga teve desvio de Hulk na primeira trave e encontrou Gabriel sozinho. O zagueiro subiu firme, cabeceou no contrapé do goleiro Vinícius e deixou tudo igual no placar.

Isolado, do outro lado da festa no campo de ataque, Everson comemorou de maneira mais acintosa que o normal o gol do companheiro de equipe. Por alguns instantes, o peso do resultado negativo saíra de seus ombros. Ele pôde sonhar com a narrativa redentora de herói.

O Ceará passou a ser mais incisivo no ataque, mas o goleiro parecia seguro. Fez boas defesas, deu sobrevida ao time. Pena que o torcedor já saiba que esta não é uma história com final feliz.

“Estava fazendo até uma boa partida, apesar do primeiro erro com a saída de bola, mas ali, de novo, acabei tendo um erro no final do jogo.”

No fim do final. Já depois dos 50 minutos. No último lance do jogo, o clímax negativo. Em qualquer outro dia, a cabeçada fraquinha de Gabriel Lacerda terminaria em mais uma boa defesa do goleiro atleticano. Virou falha. Feia. Fatal.

“Tentei dar minha parcela de contribuição ajudando, mas infelizmente não foi uma noite feliz”

O Atlético perdeu a segunda no Brasileirão, a primeira longe de Minas Gerais. A sequência de nove jogos sem derrota fora de casa chegou ao fim. O Galo está a duas partidas sem vencer e, nas duas, teve a meta vazada.

Lógico, impossível tirar o peso dos 14 desfalques, sobretudo na defesa e no setor de criação. O elenco é farto, mas a profundidade tem limite. As ausências começam a cobrar um preço alto demais.

São apenas seis rodadas, mas o início extremamente positivo já começa a ganhar status de regular. O aproveitamento é de pouco mais de 50%. O Atlético vive um pequeno jejum. E reclamações, ausências e ‘lei do ex às avessas’ à parte, precisa encontrar um jeito de voltar a vencer.

Por Marcelo Cardoso – GE