O torcedor do Cruzeiro passará o fim de semana com a cabeça inchada. O time estreou na Série B com derrota por 2 a 0 diante do Bahia, fora de casa, em um jogo que mostrou a cara do torneio. Competitividade, necessidade de força do grupo e pouquíssimo perdão quando se erra.
O primeiro tempo foi de “trocação”. Jogo aberto, bom de assistir, mas muito perigoso para quem joga. O controle da posse variou, os erros com e sem a bola foram constantes dos dois lados, mas o Cruzeiro teve o equívoco mais grave e que mudou o andamento do jogo.
Waguininho, livre, na entrada da pequena área, perdeu a chance de abrir o placar logo aos 16 minutos. Lance que exemplificou a atuação daquele que talvez tenha sido o pior em campo.
O segundo tempo, na Fonte Nova, iniciou parecido com o que foi o primeiro. Mas o Bahia dava mostras de que voltara mais ligado, intenso como o time de Paulo Pezzolano tem se mostrado, mas não conseguiu ser em Salvador. O recorte da segunda etapa teve o pior futebol do Cruzeiro em 2022.
O treinador até tentou dar mais vida ao time com as entradas de Vitor Roque e Daniel Junior. Do outro lado, Guto Ferreira colocou Davó e Vitor Jacaré em campo. Antes de a dupla cruzeirense pegar na bola, os dois do Tricolor criaram a jogada que terminou nas redes. Um a zero, após erro de Pedro Castro no meio e cochilo geral da defesa.
Dali em diante, o Cruzeiro só funcionou em mais um lance. Aos 19 minutos, Daniel Junior teve nos pés, na entrada da pequena área, a chance de empatar. Errou na decisão: quis dominar, em vez de finalizar. Nada de gol, e o golpe de misericórdia do Bahia saiu menos de 10 minutos depois. Novamente com Jacaré, agora em erro de Canesin, no meio, e em erro de posicionamento do Rafael Cabral.
O que mais assustou no segundo tempo foi o psicológico do Cruzeiro Um time que se mostrou forte nesse aspecto ao longo do primeiro trimestre, mas que se perdeu completamente após o primeiro gol em Salvador. A cabeça tirou o time de campo, e uma derrota até por mais de dois gols, nesse contexto da etapa final, não seria absurda.
E isso mostra ainda mais a importância de aproveitar as chances que tem. Cruzeiro teve, em suas mãos, a oportunidade de saltar à frente e jogar a pressão sobre um estádio inteiro e um time com início de ano instável.
Não abriu o placar, nem empatou, quando teve a possibilidade de voltar para o jogo e colocar a casa em ordem. E a Série B não perdoa os erros, principalmente jogando contra equipes qualificadas. Teve chance, tem que matar.
Em relação ao campo, além de noite individualmente ruim de praticamente todas as peças, o time, coletivamente, mostra que ainda precisa melhorar em alguns aspectos. O principal deles é a velocidade de recomposição. Ataca com muita gente e em velocidade, mas precisa recompor com igual volume e intensidade. Isso ainda falta.
Além disso, o jogo na Fonte Nova evidenciou o que já era alertado no decorrer do Campeonato Mineiro, mesmo com o time jogando bem e conquistando resultados: o elenco precisa de reforços. Guto Ferreira conseguiu mudar o jogo com o que tinha no banco. Pezzolano, em desvantagem no placar, simplesmente não tinha mais opções ofensivas, fosse de meio ou ataque, para mexer na estrutura.
O cenário vai mudar nas próximas rodadas, com as seis peças já contratadas, sendo quatro atacantes. Chega quantidade e também variações no estilo de jogo. Passa a ter atletas mais experientes, jogadores de força física pelos lados.
A esperança também é de agregação no que diz respeito aos duelos de um contra um, pelos lados, o que faltou muito na Fonte Nova, diante do cenário de trocação citado anteriormente. Pelas perdas recentes e pelo estilo de Pezzolano, a zaga e o meio – na armação – mostram necessidade de ajustes em termos de grupo.
Dizer que o resultado e a atuação na Fonte Nova servem como alerta seria oportunismo. O departamento de futebol inteiro do Cruzeiro sabe bem que as dificuldades da Série B são maiores e que a competição vai exigir mais de todos, inclusive internamente.
O trabalho de Paulo Pezzolano é bom, segue no caminho certo, e ele terá mais 37 rodadas para mostrar isso. Ambiente tranquilo, salários em dia, planejamento pensado por muitas cabeças. Vida que segue e foco no Brusque para tentar iniciar, ao lado do torcedor, a caminhada que se almeja na Toca da Raposa.