Foi em uma linha tênue que o Atlético edificou a vaga nas quartas de final da Copa Libertadores. Passos quase milimétricos, onde um erro seria fatal. Mas o Galo concretizou. E isso tem um peso. Acentuado ainda mais pelo rival em campo. Bater o Boca Juniors no torneio continental, seja lá em que circunstâncias forem, dá bagagem. É uma classificação gigantesca.
A celebração ao fim do jogo, transbordando alívio, teve o goleiro Everson como personagem central. Antes de ser o herói de fato e de direito, ele foi um vilão de ocasião, por alguns, talvez, intermináveis minutos para ele.
O desempenho travado do Atlético no Mineirão – que teve a luta, mas não contou, desta vez, com o brilho de Nacho e Hulk para libertar a equipe dos marcadores – pouco trabalho deu ao goleiro adversário (diga-se, em 180 minutos, pois falamos de dois duelos zerados no placar) e flertava com o perigo. E ele deu as caras.
Aos 17 minutos da etapa final, o Boca, que, é verdade, também vivia de esboçar ameaças à meta alvinegra, balançou as redes graças um lance de bola parada e a uma falha. E foi aí que Everson passou por um período de aflição. O goleiro errou feio e soltou a bola nos pés de Weigandt. Assim como no jogo de ida, na Bombonera, o VAR salvou o Atlético. Desta vez, milimetricamente detectou impedimento na jogada.
Sem conseguir se impor frente ao Boca, o Galo seguiu trocando olhares com apuros. Uma dramaticidade peculiar ao torcedor, que relembrou dias triunfais daquela Libertadores de 2013 e seus heróis. Os dramas também geram fortalecimento.
Vieram os pênaltis. De novo, lado a lado ao fio que separa a euforia da decepção. O protagonista da noite assumiu o papel de salvador. Everson pegou duas penalidades argentinas.
E, em mais um roteiro de cinema atleticano em Libertadores, coube a ele bater a quinta e decisiva cobrança. Um chute no limite, mas potente e grandioso, atributos que servem também para a classificação do Atlético. Quem venham novos “hermanos” – River Plate e Argentinos Juniors disputam a outra vaga nas quartas. O Galo pode, sim, produzir mais e sofrer menos.
Por Rodrigo Fonseca – GE