“‘E agora, Padre Belchior?’ e eu respondi prontamente: ‘se Vossa Alteza não se faz Rei do Brasil, será deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação'”.
O trecho de uma carta escrita pelo Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, narra fatos que viveu no dia 7 de setembro de 1822. O confidente de Dom Pedro I, que aconselhou o imperador a separar o Brasil de Portugal, foi por mais de 40 anos vigário em Pitangui, na época sétima vila do ouro. Nas ruas, no acervo e no casarão tombado, hoje sede da prefeitura, a cidade histórica do Centro-Oeste de Minas preserva a memória do padre, que está enterrado na escadaria da Matriz de Nossa Senhora do Pilar.
Padre Belchior era primo de José Bonifácio de Andrada e Silva, considerado o patriarca da independência. O parentesco com o primeiro ministro de D. Pedro o levou à corte. Em 1822, o então príncipe regente enfrentava revoltas internas separatistas, além da pressão de Portugal para que o Brasil voltasse a ser colônia. Naquele 7 de setembro, o religioso se uniu a comitiva, que tentava acalmar os ânimos pelo país.
Parentesco com Oliveira Lima
Quem acompanha Oliveira Lima na Resenha Esportiva, ou pelas ondas do rádio, talvez não saiba que ele também é historiador. Há mais de 10 anos ele estuda a vida do padre, de quem descobriu ser descendente. Em 1826, Belchior e toda a família Andrada , foram exilados na frança. No exterior o padre teve uma filha.
Arquivado no Instituto Histórico de Pitangui, o inventário do padre comprova a paternidade e a descendência da família Oliveira. Julia Angélica, conhecida como Julia Francesa, se casou com o irmão do fazendeiro que a abrigou em Bom Despacho. Mãe de três herdeiros, do filho meio veio a linhagem do jornalista.
