Após sete semanas intensas de julgamento, o júri responsável pelo caso do rapper e empresário norte-americano Sean Combs, mais conhecido como P. Diddy, começou a deliberar nesta segunda-feira (30). Aos 55 anos, o artista é acusado de comandar, ao longo de décadas, uma complexa rede criminosa envolvendo tráfico sexual, prostituição forçada, conspiração para extorsão, coerção, fraude e transporte de pessoas com fins de exploração sexual. Se condenado por todos os crimes, P. Diddy pode ser sentenciado à prisão perpétua.
A deliberação ocorre em Nova York e está nas mãos de um júri formado por oito homens e quatro mulheres. O juiz federal Arun Subramanian, que preside o caso, conduziu por cerca de duas horas a orientação jurídica ao júri, explicando como as evidências apresentadas devem ser analisadas de acordo com a legislação americana. Para cada uma das acusações, é necessário um veredito unânime.
Rede de abuso e manipulação
As investigações apontam que P. Diddy teria usado sua influência no mundo do entretenimento para arquitetar festas privadas, onde mulheres — muitas delas sob o efeito de substâncias entorpecentes — eram forçadas a manter relações sexuais com terceiros. Depoimentos de 34 testemunhas, além de registros de ligações, extratos bancários e trocas de e-mails, sustentam as denúncias do Ministério Público.
Entre as vítimas que denunciaram os abusos estão Cassie Ventura, ex-namorada do rapper e cantora conhecida no R&B, e uma outra mulher que preferiu manter o anonimato. Ambas relataram situações de manipulação, violência e exploração, apontando o artista como responsável direto pelos esquemas.
Defesa contesta as acusações
Sean Combs negou todas as acusações e se declarou inocente. Seus advogados alegam que as festas descritas pelas denunciantes aconteciam com o consentimento dos participantes e buscam desqualificar os testemunhos com base em motivações financeiras e ressentimentos pessoais.
O rapper optou por não depor, direito garantido a réus no sistema judicial norte-americano. A defesa também não apresentou testemunhas, estratégia comum em processos criminais nos EUA, onde o ônus da prova recai inteiramente sobre a acusação.
Possíveis penas
O conjunto de crimes atribuídos a P. Diddy é grave. Cada acusação relacionada a tráfico sexual e transporte para prostituição pode acarretar penas de 10 a 15 anos de reclusão, além da possibilidade de prisão perpétua, considerando os agravantes apresentados e a extensão dos supostos crimes ao longo do tempo.
A decisão final do júri pode sair a qualquer momento nos próximos dias. O caso, que vem mobilizando a opinião pública e o setor artístico, pode marcar um novo capítulo no debate sobre abuso de poder e exploração sexual dentro da indústria do entretenimento norte-americana.