fbpx
Pular para o conteúdo

40% dos atletas que morreram antes dos 30 sofreram com traumas cerebrais

Image

No início dos anos 2000, o mundo do futebol americano foi abalado por uma série de mortes prematuras de jogadores. Estes atletas, além de apresentarem quadros depressivos, exibiam comportamentos agressivos e sofriam de perda de memória. O mistério por trás dessas tragédias começou a se desvendar, revelando uma terrível condição: a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), uma doença cerebral degenerativa resultante das repetidas pancadas na cabeça que esses esportistas enfrentavam em campo.

Naquela época, a ETC era um campo pouco explorado na medicina. Agora, novas pesquisas estão avançando para desvendar melhor essa enfermidade e seus impactos. Um estudo recente da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, jogou luz sobre essa questão. Publicado no periódico JAMA Neurology, a pesquisa analisou os cérebros de 152 atletas falecidos, todos expostos a impactos repetitivos na cabeça ao longo de suas carreiras. 63 deles apresentavam evidências neuropatológicas da ETC, o que equivale a 40% da amostra estudada.

A ETC possui quatro estágios, sendo que no último, os sintomas são tão graves que podem ser clinicamente confundidos com demência. A maioria dos jovens atletas examinados apresentou CTE em estágios iniciais, principalmente nos estágios 1 e 2. Apenas três estavam no estágio 3 ao falecerem. Os sintomas mais comuns incluíam depressão (70,0%) e apatia (71,3%), juntamente com dificuldades de autocontrole (56,8%) e problemas na tomada de decisões (54,5%). Adicionalmente, o alcoolismo foi uma questão grave, afetando 42,9% dos jovens, enquanto 38,3% enfrentavam problemas com drogas. A causa mais frequente de morte era o suicídio, seguido de acidentes relacionados ao abuso de substâncias.

Ann McKee, diretora do centro de ETC da universidade e coautora do estudo, enfatiza a importância de buscar atendimento para jovens atletas que apresentem sintomas neuropsiquiátricos. Acredita-se que, com um manejo e acompanhamento eficazes, seja possível reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.

Cerca de 70% dos diagnosticados com ETC eram atletas amadores, sendo que mais da metade estava ligada ao futebol americano. No início de julho deste ano, uma jogadora de futebol universitário de 28 anos, na Austrália, foi diagnosticada com a condição, tornando-se a primeira atleta feminina americana a ser identificada com CTE.