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Divinópolis corre sério risco de entrar na “onda vermelha”, de quem será a culpa?

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O primeiro caso confirmado de COVID19 no estado de Minas Gerais foi em Divinópolis, no dia 08 de março. A partir daí, o município adotou várias medidas de prevenção, incluindo a proibição de eventos de massa e o fechamento das escolas e do comércio. Foram ações muito bem sucedidas inicialmente, na medida em que os casos no município permaneceram por muito tempo em um nível relativamente controlado. Mas esse sucesso ocorreu principalmente em decorrência do respeito e da adesão da população às recomendações preventivas.

Entretanto, a partir de julho, observa-se um aumento crescente do número de casos e óbitos em Divinópolis, acompanhando as ações de flexibilização dos diversos setores comerciais e, principalmente, o mau comportamento da população. No dia 28 de agosto, o município atingiu a marca de mais de 1000 casos confirmados, isso ainda considerando a limitação de exames diagnósticos nos serviços assistenciais do Sistema Único de Saúde.

No início de agosto, após determinação do Tribunal de Justiça de MG, o município aderiu ao Plano Estadual Minas Consciente, o que acarretou mudanças de critérios e de regras de flexibilização. Naquele momento, por exemplo, os bares voltaram a funcionar com o serviço de bebida alcoólica e as academias, por outro lado, foram obrigadas a suspender suas atividades.

Sem entrar no mérito do que é melhor (fechar um ou outro segmento comercial), essa mudança de estratégia intensificou de uma forma muito rápida um fenômeno muito preocupante: a descrença da população divinopolitana em relação à epidemia. Hoje percebe-se claramente que grande parte da comunidade considera que a epidemia já está controlada, que o pior já passou, ou ainda, que tudo foi um grande exagero.

Mas o fato é que os casos e óbitos gradualmente vem aumentando no município, a ocupação hospitalar se mantém bastante significativa (aproximadamente 70-80 pacientes internados com quadro suspeito ou confirmado), as equipes e os profissionais de saúde caminham para um esgotamento, e a estimativa do ritmo de contigo (Rt) permanece elevada, mostrando que ainda estamos muito distante de um efetivo controle da epidemia. Os próprios indicadores do Plano Minas Consciente mostram uma piora do cenário da região de Divinópolis (cujo índice passou de 11 para 15 pontos), acendendo um sinal amarelo (ou laranja) no município.

A comunidade precisa entender a realidade do problema e seguir as recomendações sanitárias. Mesmo ampliando as intervenções, os casos vão continuar subindo se as pessoas não respeitarem e não aderirem às medidas de distanciamento social, de higienização de mãos, de uso correto e contínuo de máscara em ambientes públicos.

Não adianta usar máscara para trabalhar, se no final de semana continua promovendo festas com os amigos. Não adianta fechar escolas, se os colegas ficam se encontrando em área sociais para brincar. Não adianta friccionar álcool na mão, se as aglomerações em locais fechados permanecem frequente. Não adianta esconder, se não se dispõe a enfrentar…

Sinceramente, Divinópolis corre sério risco de entrar na “onda vermelha” e ter que fechar (quase) tudo novamente. Mesmo considerando essa possibilidade, de nada vai adiantar se as pessoas não mudarem o seu comportamento.

Neste momento, cabe uma reflexão: de quem será a culpa?

Por prof. Gustavo Rocha – CCO/UFSJ