A velocidade da vacinação em Minas está tão lenta que o governador Romeu Zema anunciou ontem que as cidades do Estado que vacinarem a população de maneira mais acelerada receberão mais doses do imunizante. Afirmou ainda que vai enviar aos municípios os 5% de doses que haviam sido estocadas como reserva.
“A gente identificou que estávamos com uma aplicação abaixo do esperado. Cobramos das regionais de saúde para irem aos municípios para cobrar essa informação e aplicação. Existe o medo de alguns gestores de seguir o PNI (Plano Nacional de Imunização)”, afirmou Zema, durante coletiva.
O governador culpou os municípios pelo ritmo lento. “Algumas prefeituras não buscam as vacinas com a velocidade que poderiam ou não aplicam com a velocidade que poderiam. Temos solicitado aos prefeitos que o processo não seja interrompido”, disse o governador, informando ainda que alguns municípios não estão atualizando os dados no sistema.
O ritmo de aplicação das mais de 45 milhões de doses fornecidas por Fiocruz e Butantan é bem diferente nas 27 unidades da Federação. Embora seja o terceiro Estado mais rico do país e o segundo mais populoso, Minas está entre os cinco que, percentualmente, menos usaram os imunizantes enviados.
De acordo com dados do Vacinômetro do Ministério da Saúde dessa quinta-feira (8), Minas aplicou 51,6% das doses recebidas pelo Ministério da Saúde. Apenas quatro unidades da Federação têm percentual pior – Rio de Janeiro, Paraná, Distrito Federal e Amazonas.
Para o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Moema, Julvan Lacerda, as vacinas estão sendo aplicadas pelos municípios, sim, e o que existe é um déficit operacional no sistema estadual. “Os prefeitos estão é pedindo mais vacinas, o que fica estocado é para a segunda dose. Que prefeito que vai ser doido de estocar vacina? Assim que chega, as doses já são aplicadas. A falha está é gerenciamento do sistema (eletrônico) do governo”, argumenta.
Jonas Donizette, presidente da Federação Nacional de Prefeitos (FNP), também fez questão de esclarecer que os dados não refletem a realidade na aplicação das doses. “Muitas vezes, o sistema do SUS para fazer o cadastramento das pessoas vacinadas é instável. Cai o sistema, e isso dificulta para fazer o registro”, diz o ex-prefeito de Campinas, lembrando que esta é a primeira vez que os municípios precisam incluir dados completos das pessoas imunizadas no sistema. Os dados do ministério são desatualizados em relação aos informes das secretarias de Saúde estaduais, mas conseguem dar um panorama geral da diferença na velocidade entre as unidades federativas.
Mesmo que cada município tenha a responsabilidade de aplicar os imunizantes e atualizar os dados no sistema, o governo estadual tem a responsabilidade de fazer a coordenação, de acordo com Carlos Barbosa, professor de direito público do Centro Universitário UNA.
Para o especialista, o governo de Minas deveria criar estratégias para monitorar a vacinação e desenvolver soluções pontualmente. “Seria interessante que houvesse um comitê, com representantes dos Estados e municípios, que pudesse analisar os critérios usados em cada município e ter um controle maior. O Estado acredita que seu compromisso é receber os imunizantes e encaminhar aos municípios, mas pode fazer mais”, explica.
Fonte: O tempo