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Ronaldinho Gaúcho abre o jogo sobre a prisão

O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho deu sua primeira entrevista depois que foi detido por uso de passaporte falso no Paraguai, publicada nesta segunda-feira pelo jornal local ABC Color. Entre recordações de sua carreira, contou como está vivendo em prisão domiciliar desde 7 de abril no hotel Palmaroga, em Assunção, com o seu irmão Roberto Assis, depois de 32 dias detidos na Agrupación Especializada, quartel da Polícia Nacional do país, transformado em cadeia de segurança máxima. E, claro, sua expectativa para resolver o problema com a Justiça.

“Tenho fé. Esperamos que possam utilizar e confirmar tudo o que declaramos sobre nossa posição no caso e que possamos sair dessa situação o mais breve possível”. “A primeira coisa que farei é dar um beijo na minha mãe”

“Ela vive dias difíceis desde o início da pandemia de covid-19 na sua casa. Depois será absorver o impacto que essa situação gerou e seguir adiante com fé e força” – disse Ronaldinho.

O craque disse que viajou para Assunção por causa de dois eventos em que devia comparecer por contrato: lançamento de um cassino online e do livro Craque da Vida, esse último organizado pela empresa que tem os direitos de exploração da obra no Paraguai.

“Tudo que fazemos é em virtude de contratos geridos pelo meu irmão, que é meu representante”.

Ronaldinho afirmou que foi pego de surpresa pelo problema na documentação e está colaborando com a Justiça.

“Ficamos totalmente surpreendidos ao saber que os documentos não eram legais. Desde que isso aconteceu, nossa intenção foi colaborar com a Justiça para esclarecer isso. Até hoje, explicamos tudo e facilitamos tudo o que a Justiça nos solicitou”. “Foi duro, nunca imaginei que fosse passar por uma situação assim”

“Toda a vida, busquei chegar ao mais alto nível profissional e levar alegria para as pessoas com o meu futebol”.

Ronaldinho também explicou que esperava voltar para o Brasil depois da audiência do dia 6 de março, tinha voo marcado na madrugada seguinte para ir ao aniversário de seu filho, e que não sabe o que aconteceu depois. O ídolo também lembrou do tempo que passou no quartel transformado em cadeia, período em que jogou futebol, deu autógrafos aos fãs e foi muito bem recebido pelos colegas de detenção.

“Não tinha motivos para não fazer isso, ainda mais com pessoas que estavam vivendo um momento difícil como eu”.

Após chegarem no Paraguai no dia 4 de março, Ronaldinho e Assis receberam no hotel a visita de autoridades paraguaias naquela noite. Passaram a madrugada sob custódia e, no dia seguinte, contaram ao Ministério Público tudo o que sabiam. Admitiram que tentaram entrar no país com aqueles documentos, mas que não sabiam serem falsos.

O MP paraguaio enquadrou os irmãos Assis numa figura jurídica chamada “critério de oportunidade”, que a grosso modo permite aos réus não serem acusados formalmente pelos crimes que cometeram, desde que consigam reparar o dano causado. Na prática: Ronaldinho e Assis seriam submetidos a uma “pena social” – uma doação para uma ONG, por exemplo – e poderiam deixar o Paraguai.

Após audiência em que seria definida o tamanho dessa “pena social”, houve uma reviravolta no caso. O Ministério Público mudou sua posição e pediu a prisão preventiva dos irmãos Assis. Às 22h de sexta-feira, 6 de março, quando estavam num hotel próximo ao aeroporto, os irmãos Assis foram detidos e levados para a Agrupación Especializada.

A defesa de Ronaldinho apresentou três recursos, que foram negados pela Justiça. O argumento para mantê-los presos foi sempre o mesmo: soltá-los poderia prejudicar o andamento das investigações. No dia 7 de abril, após 32 dias, o craque e seu irmão deixaram a prisão e foram transferidos para um hotel em Assunção. A defesa agora tenta anular a prisão preventiva e tirá-los do Paraguai.

Mas o que Ronaldinho foi fazer no Paraguai? A resposta passa obrigatoriamente por Roberto Assis, irmão do craque e seu agente desde sempre. Ele aceitou o convite de Wilmondes Souza Lira para participar de ações sociais no Paraguai. Wilmondes é casado com Paula Lira, que por sua vez é (ou era) amiga da paraguaia Dalia Lopez, que financiou tanto a confecção dos passaportes falsificados quanto a própria viagem de Ronaldinho e Assis no Paraguai.

Dalia Lopez é uma empresária do ramo de exportação, alvo de uma investigação por parte do Ministério da Tributação, iniciada em setembro de 2019, e sigilosa até a chegada de Ronaldinho ao Paraguai. Ela é acusada de desviar pelo menos US$ 10 milhões em um esquema de sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. O MP do Paraguai pediu sua prisão no dia 7 de março, um sábado. Desde então, ela está foragida, apesar de seus advogados terem declarado que ela iria se entregar.

Wilmondes Souza Lira, o empresário amigo de Assis, está preso no Paraguai. Sua mulher, Paula Lira, que também teria sua detenção pedida, fez um acordo com o Ministério Público do Paraguai. Ela contou tudo o que sabia sobre o esquema, entregou documentos e mensagens de celular. Em troca, pôde deixar o Paraguai e voltar ao Brasil. Ela foi escoltada, de carro, até Foz do Iguaçu.

Foto Capa: UOL