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Contra o Botafogo, Atlético tem números superiores, menos no placar.

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A bola ficou com o Atlético-MG em 74% do tempo, contra 26% do Botafogo. Foram 31 finalizações do Galo, contra 10 dos cariocas. A conta final de escanteios mostrou 16 a 7 a favor do Atlético. Bolas na trave? 3 a 0. Passes? 608 a 209 para os mineiros. O placar, porém, foi favorável ao time da casa, que venceu por 2 a 1 nessa quarta-feira. Como? A resposta passa pela precisão botafoguense nos contra-ataques e por uma noite ruim de vários (quase todos) jogadores atleticanos.

Muitas vezes, ouvimos que “o coletivo foi mal, mas o individual resolveu”. Costuma acontecer quando um time é desorganizado, não tem jogadas trabalhadas e estrutura para criar chances de gol, mas um atleta, com sua qualidade, desequilibra. No caso do Atlético que perdeu para o Botafogo, no Nilton Santos, foi o contrário.

O esquema de Jorge Sampaoli mostra muita solidez. O Galo cria várias chances de forma natural, orgânica. Só que essas oportunidades precisam ser aproveitadas pelos jogadores, senão o time não faz gol. E, nessa quarta, os atletas não souberam aproveitar.

Em alguns jogos desta temporada, os pontas não renderam bem, mas algum jogador de meio-campo (na maioria das vezes Nathan) resolveu. Já aconteceu o contrário também: o setor criativo apagado, mas os extremos inspirados. No Rio, porém, ninguém esteve bem.

Pensando no trio de ataque, o destaque negativo foi Keno. Levou vantagem no um contra um na maioria dos lances, passando dos adversários, mas tomou a decisão errada na sequência da jogada quase sempre. Marquinhos também esteve apagado. Marrony pouco produziu. No meio, Hyoran está longe de substituir Nathan com a mesma eficiência. Teve chances claras, mas foi mal em todas elas.

Falando em atuações individuais, a noite no Nilton Santos não foi boa até para quem tem alto padrão de desempenho. Allan, um dos jogadores mais técnicos no elenco, errou muito. Em uma dessas falhas, “criou” o contra-ataque que gerou o primeiro gol do Botafogo. O seguro Junior Alonso, no segundo tempo, tentou driblar o atacante adversário, o que também resultou em um gol dos cariocas (esse anulado pela arbitragem, após auxílio do VAR).

É difícil até achar um destaque individual, alguém que tenha feito com precisão aquilo que se espera. Alan Franco não tem jogado o suficiente para merecer deixar Jair no banco – longe disso, inclusive. Guga se mostrou vulnerável. Guilherme Arana, pela esquerda, e Bruno Silva, que entrou no segundo tempo, talvez tenham sido os que mais se aproximaram de uma boa atuação. Falando nos atletas que entraram, uma leve “corneta” ao excelente Jorge Sampaoli: poderia ter mexido mais cedo no time.

Sampaoli já avisou: o time dele se preocupa muito mais com o gol adversário do que com o seu próprio. E o Galo esteve (muitas vezes) perto do gol adversário, mas não aproveitou. O Botafogo esteve poucas vezes próximo da meta defendida por Rafael, mas balançou as redes três vezes (considerando o gol anulado). O Galo foi dominante, mas ineficiente. O Botafogo foi cirúrgico. É assim o futebol: nem sempre quem cria mais sai de campo vencedor.

Se os três pontos não vieram, o Galo precisa trazer lições. De nada adianta criar 30 chances e não converter nenhuma. Reforços são necessários, alguns que já chegaram – Keno, principalmente – precisam mostrar mais, mas o modelo de jogo de Sampaoli, mesmo nas derrotas, dá recados importantes. Ele funciona, mas depende da colaboração dos 11 dentro de campo. E, no Rio, esses deixaram a desejar. De qualquer forma, não há motivo para desespero. O time é bom, o treinador é excelente, e o horizonte é promissor.