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Finanças: Renda fixa dos EUA: é hora de comprar bonds?

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A alta de juros para combater a inflação em países desenvolvidos aumenta a atratividade para brasileiros comprarem renda fixa internacional.

Nos Estados Unidos, dados fortes de emprego somados à inflação do consumidor (CPI) de janeiro reforçam a necessidade de uma continuidade de uma política monetária restritiva pelo Federal Reserve (Fed) por mais tempo.

No início deste mês, o Fed colocou os juros norte-americanos no intervalo de 4,5% a 4,75%; e não deve parar por aí. Conselheiros do Fed projetam uma taxa terminal em 5%-5,25%.

Diante desse cenário, os rendimentos (yield) dos títulos americanos, chamados de bonds, estão altos como não se via há muito tempo, chegando a 8% em alguns papéis emitidos por uma ampla variedade de empresas de setores distintos.

Parece pouco em comparação à Selic, em 13,75% ao ano, mas cabe destacar que a renda fixa internacional geralmente é emitida em dólar.

“Bonds, Corporate Bonds”

Com certeza os nascidos na década de 60 pegaram a homenagem ao agente britânico, James Bond.

Brincadeiras à parte, os bonds (ou “corporate bonds”) são títulos de renda fixa emitidos por empresas em moeda estrangeira e negociados no exterior.

Para você entender melhor, é como se fossem as debêntures (títulos de dívida) que conhecemos no mercado local.

A remuneração (juros) dos bonds podem ser prefixadas, pós-fixadas ou híbridas (parte fixa e outra parte indexada a algum índice).

É hora de comprar bonds?

Com a alta de juros nos EUA, recebemos uma enxurrada (ou deveríamos dizer enxame?) de perguntas pelo grupo do Renda Fixa PRO sobre “carteira de bonds”.

Assim como em papéis locais, os bonds são uma forma bastante eficaz de diversificar o portfólio, mas antes de comprar renda fixa internacional, você precisa considerar:

Cenário: A maioria dos bonds são prefixados, ou seja, a taxa de retorno é a definida na hora da contratação. Considerando o cenário atual, a analista e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, diz que é cedo para cravar que a escalada dos juros nos EUA está no fim.

“A tese do soft landing, ou “pouso suave”, em tradução literal, é uma aposta difícil de se fazer porque o mercado de trabalho americano segue sob pressão, o que corrobora com uma menor probabilidade de cortes de juros em 2023. É mais provável uma manutenção do discurso atual do FOMC”, disse Fontes.

“A persistência da inflação pode exigir novos aumentos da taxa de juros, inclusive podendo provocar uma reprecificação dos títulos a partir de uma reavaliação da necessidade de juros por parte do mercado. Nessa situação, o resgate de forma antecipada pode acabar gerando prejuízo com a marcação a mercado”.

A analista acrescenta que o ideal é começar a pensar em montar uma carteira de Corporate Bonds em um momento de maior certeza de que os juros já estão em patamares suficientes para controlar a inflação. Como a inflação ainda mostra pontos de atenção, assim como o mercado de trabalho segue se mostrando apertado, não é esse o caso no cenário atual.

Liquidez: O risco de liquidez é menor nos EUA devido à dinâmica do mercado norte-americano (maior volume). Mesmo assim, avalie a facilidade para negociações do título no mercado secundário.

Crédito: Já o risco de crédito no mercado internacional está relacionado a características de cada emissão (prazo, indexação e emissor).

E, agora, um disclaimer importante: normalmente, os investidores fazem a seleção de bonds pelo yield pago e, não por outro motivo, o yield nas emissões de empresas brasileiras costuma ser maior. É preciso ter cuidado porque se você investe em dívida de empresas brasileiras, não está exercendo uma grande diversificação do seu portfólio. É preferível também variar na exposição com empresas estrangeiras, uma vez que as suas operações não dependem da economia brasileira.

Postado originalmente por: Nord Research