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Finanças: O gringo está MESMO comprando Brasil?

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Por Bruce Barbosa

1º de abril!

Na última sexta-feira, Dia da Mentira, a B3 anunciou que vinha pregando uma peça no mercado.

Print de manchete do Estadão: "Bolsa corta em quase R$ 30 bilhões valor de investimento estrangeiro no País em 2022."
Fonte: Estadão.

Em um piscar de olhos, foram retirados cerca de 30 bilhões de reais do fluxo de investimento estrangeiro de nossa bolsa em 2022.

Desde outubro de 2020, os dados de fluxo estrangeiro incluíam operações de empréstimos de ações e que não deveriam estar sendo computadas no fluxo.

Em um passe de mágica, o investimento do gringo no Brasil passou de 91 bilhões de reais para “apenas” 64 bilhões de reais.

“Olha o fluxo! É mentiiiiiira”

A B3 só ajustou seus dados de fluxo para 2022. E anunciou que reveria todos os dados desde 2020.

Gráfico apresenta fluxo anual de investidores estrangeiros no Brasil (em R$ bilhões) – Dados até 23/03/22 (faltam 3 bilhões em 2022).
Dados até 23/03/22 (faltam 3 bilhões em 2022). Fonte: Expert XP.

Imagino que, com a revisão, o número do fluxo gringo de 2021 deverá cair na mesma proporção de 2022, para uns 60 ou 70 bilhões de reais.

Mas eu nem sei te dizer por que o mercado olha tanto para esse fluxo. Tiramos 30 bilhões de reais do fluxo de 2022 e olha só:

Gráfico apresenta IBOV (em dólares) e S&P500 nos últimos 2 anos.
IBOV (em dólares) e S&P500. Fonte: Bloomberg.

Com gringo ou sem gringo, e com a economia doméstica não saindo do lugar, continuamos sendo puxados pelos ciclos das commodities.

Vocês se lembram disso? Em 2021, tivemos uma recuperação das commodities com as economias voltando a se abrir e as injeções de estímulos públicos ao redor do mundo.

Em 2022, temos a guerra (tragédia humana) da Ucrânia.

Com fluxo ou sem fluxo gringo, quem manda no Brasil são os ciclos das commodities.

Um gráfico que mudará a sua vida

Esta é a história do Brasil nos últimos 10 anos.

Gráfico apresenta Ibovespa (em dólares), Índice de commodities da Bloomberg e S&P500 nos últimos 10 anos.
Ibovespa (em dólares), Índice de commodities da Bloomberg e S&P500. Fonte: Bloomberg.

Inacreditável, né?

O S&P500 americano subiu +234 por cento enquanto o Ibovespa caiu -22 por cento e o índice de commodities caiu -9 por cento.

Com a economia brasileira na pior década dos últimos 120 anos, nossa bolsa (em dólares) segue fielmente as commodities (que são puxadas pelo crescimento mundial, e não brasileiro).

Entendeu o que o fluxo gringo está buscando?

Faz sentido que o IBOV siga as commodities?

Claro. Eu comentei muito sobre isso no meu Instagram no fim de semana.

Gráfico apresenta Ibovespa (em reais) e Ebitda do Ibovespa nos últimos 10 anos.
Ibovespa (em reais) e Ebitda do Ibovespa. Fonte: Bloomberg.

As ações (e o índice Ibovespa, é claro) seguem seus resultados a longo prazo.

Commodities subindo elevam os resultados das exportadoras de commodities e elevam os preços das ações.

Mas, e este ponto é importantíssimo, os resultados acima estão em reais. Os resultados de nossas exportadoras de commodities crescem em reais.

Postado originalmente por: Nord Research