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Finanças: 2023: o ano das ações Small Caps

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+29% em menos de 3 meses

Manchete do E-Investidor diz "Small Caps mostram força na Bolsa e ensaiam retomada. Hora de comprar?"
Fonte: E-Investidor

As Small Caps estão definitivamente em alta.

As ações de empresas de baixo valor de mercado seguem em uma forte e consistente tendência de alta, que já dura mais de 2 meses. Desde o final de março (dia 23/03, para ser mais exato), o Índice de Small Caps (SMLL) subiu +29%, contra +19% do Ibovespa.

Desde 23 de março de 2023, o Índice SMLL subiu 29%, ante alta de 19% do IBOV no mesmo período
Fonte: Bloomberg

Após um início de ano conturbado, com péssimas sinalizações políticas e econômicas, a bolsa brasileira já começa a dar sinais de vida. Em 2023, o SMLL apresenta alta de +12%, enquanto o IBOV, de +7%.

Em 2023, as Small Caps sobem 12%, contra valorização de 7% do IBOV
Fonte: Bloomberg

Queda de juros à vista!

O comportamento acompanhado no mercado brasileiro de ativos de risco pode ser explicado, em suma, por um (grande) fator: as expectativas em torno dos juros no país.

Apesar do cenário ainda incerto quanto ao que pode acontecer em Brasília — e seus impactos na economia — nos próximos quatro anos, já é possível enxergar um horizonte favorável para um possível início de ciclo de corte da Selic.

Os dados econômicos, em especial aqueles atrelados à inflação, já apontam uma melhora nas perspectivas. No último IPCA divulgado pelo IBGE, a pressão inflacionária apresentou fortes sinais de desaceleração, com alta de apenas +0,23% — número abaixo, inclusive, das previsões do mercado.

Devido à elevação da taxa básica de juros no país desde o início de 2021, além de fatores como o corte no preço dos combustíveis, a inflação acumulada nos últimos 12 meses agora é de apenas 3,94%, convergindo rapidamente para a meta do Banco Central, de 3,25%.

A inflação acumulada dos últimos 12 meses está em 3,94% em março de 2023
Fonte: G1

Puxado pelo agronegócio, outro dado positivo divulgado recentemente foi o do PIB brasileiro, que subiu +1,9% no primeiro trimestre de 2023.

Além dos dados favoráveis, outro ponto que corrobora para a projeção de queda na taxa de juros é o arcabouço do atual governo.

A âncora fiscal já foi aprovada pela Câmara e agora tramita pelo Senado, mas já é possível traçar cenários com o texto base (que ainda vai passar por algumas mudanças). Mesmo que não seja mil maravilhas e muito menos a salvação de um país extremamente endividado, ao menos o arcabouço pode evitar um desastre econômico no Brasil.

Com as arestas cada vez mais aparadas, parece que finalmente caminhamos para um cenário mais palpável de juros em patamares (bem) menores — e nos parece que o mercado tem cada vez mais convicção disso.

A taxa de juros é a mãe da bolsa

Entretanto, muitos investidores, principalmente os que estão iniciando sua jornada na bolsa agora, acabam se perguntando se não é melhor esperar o Copom anunciar o corte da Selic em uma de suas reuniões que acontecem a cada 45 dias (ainda não deve ser na próxima) para montar ou aumentar sua posição em bolsa.

Já adianto que a resposta — definitivamente — é não.

Antes de explicar, é importante informar quais são os impactos dos juros na ação de uma empresa.

A verdade é que existe uma correlação direta — e ao mesmo tempo inversa — entre os juros e a bolsa de valores. Historicamente, quando os juros estão em alta, a tendência é que a bolsa esteja em baixa e vice-versa.

Correlação entre Bolsa e juros
Fonte: Bloomberg

A correlação se explica por alguns fatores, por exemplo, o fato de que o cenário de juros em alta reduz o ímpeto das empresas se endividarem para sustentarem seus crescimentos, além de que os juros altos elevam as taxas de desconto das planilhas de valuation dos analistas de ações — reduzindo, assim, o “preço justo” das companhias listadas.

Vale ressaltar que o inverso, em ambos os casos, também é verdadeiro.

Para empresas de menor capitalização (vulgo “Small Caps”), o impacto é ainda maior, tendo em vista que seus papéis possuem menor liquidez e muitos fundos acabam reduzindo suas posições nesses ativos em um cenário em que muitos cotistas (para não dizer a maioria) acabam pedindo resgate de seus investimentos.

O bonde está andando, não deixe de entrar

Com um cenário cada vez mais positivo para o início de cortes nos juros, a tendência é que vejamos os investidores cada vez mais otimistas quanto à bolsa de valores.

Porém, esse movimento não vai começar quando a Selic cair de seus 13,75% atuais. O movimento já começou.

O mercado não olha pelo retrovisor, ele precifica hoje o que vai acontecer no futuro. A queda dos juros já vem sendo precificada pelos investidores, que projetam um corte de mais de 1 p.p. para 2023 e da Selic próxima de 10% ao final de 2024.

Com isso, as ações voltaram a andar.

Precificação do mercado para a Selic
Fonte: Bloomberg

Não espere a próxima reunião do Copom. Não deixe para depois. A hora de comprar bolsa é agora, de preferência as ações que mais foram impactadas nos últimos dois anos — as Small Caps.

Mesmo com as altas recentes, essa classe de ativos segue sendo negociada, em média, por patamares muito inferiores aos vistos nos últimos anos, de apenas 6x Ebitda.

Postado originalmente por: Nord Research