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Buquê de espinhos

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Foto: Pixabay

Hoje ao acordar, Ana recebeu um belo buquê de rosas vermelhas. Ela se empolgou toda, se sentiu completamente amada. Ela se levantou, tomou um banho, arrumou seus cabelos e passou um batom, coisa essa que já não fazia havia algum tempo, tal como receber flores. Ana se olhou no espelho e então surgiu um pequeno ponto de esperança. Porém, mal sabia Ana que aquelas rosas eram na verdade apenas espinhos.

Após olhar para seu belo buquê de rosas por mais um momento, Ana voltou a se produzir, colocou um lindo vestido, seus sapatos de salto alto e suas jóias. Já pronta, se sentindo maravilhosa, pos-se a esperar por seu amado. Houve um leve toque na porta. Ana, afoita, corre ao encontro de José, um homem muito elegante, cabelos alinhados e trajado impecavelmente. Ele a observou com os olhos em chamas e ela acreditou que estava tudo perfeito.

No impacto daquele primeiro momento, José a elogiou, disse que ela estava muito bem, mas havia um pequeno detalhe que o incomodava. Então ele começou a dizer: Seus cabelos estão tão bonitos, mas soltos ficariam melhores. E este vestido? Marca demais o seu corpo, assim qualquer um ficaria a lhe desejar, prefiro que você use uma calça jeans com alguma blusa mais larga, assim apenas eu poderei ver e apreciar a sua beleza. Este batom fica muito bom em você, mas você é melhor ainda natural. E para que estas jóias? Estes enfeites não lhe acrescentam em nada, são desnecessários. Tire também estes saltos, prefiro que você use chinelos.

Em questão de segundos, Ana fora completamente despida e teve sua alegria e brilho apagados. Sentindo-se culpada por ter desagradado José, Ana foi se vestir de forma “correta”. Ela já não conseguia mais se olhar no espelho. Voltando, ela recebe um abraço de seu amado, que a elogia novamente, dizendo com um largo sorriso:

-Agora sim, você está perfeita.

Ela, sorrindo levemente, acreditou mais uma vez que o que a fazia feliz era agradar José, então se entregou completamente aos seus braços. Para quem pensa que só é violência quando há agressão física, a lei Maria da Penha em seu capítulo II, artigo 7°, incisos I, II, III, IV e V diz: “Estão previstos cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial”.

Não feche seus olhos, não cale sua boca nem tampe seus ouvidos. Se você sofre ou conhece alguém que está  sofrendo com a violência doméstica denuncie no 180 ou busque ajuda através do projeto Meu Amar. O projeto Meu Amar é uma corrente de apoio que oferece acolhimento, assistência jurídica e psicológica para as vítimas de violência doméstica. Busque @meuamarprojeto no instagram para conhecer mais sobre o projeto, suas fundadoras e entrar em contato para que posa obter ajuda.

Texto – Marisa Gomes – Terapeuta, assistente social e empresária na área de cosméticos.

(Texto fictício, a história acima é apenas um retrato dos relacionamentos abusivos que milhares de pessoas sofrem todos os dias).