O mês de maio, com a celebração do Dia das Mães, é um momento para refletirmos sobre o amor incondicional que une mães e filhos. Porém, como sabemos, a maternidade vai muito além da idealização de um amor perfeito. Ela pode ser marcada por perdas, desafios, superação e, sobretudo, coragem. Como uma homenagem a todas as mães, o Jornal Candidés preparou a série especial “Amor de Mãe”, que traz três histórias de mulheres que transformaram suas dores e desafios em forças para continuar a jornada da maternidade, e, assim, nos ensinam o verdadeiro significado do amor.
A dor transformada em luta
Kell Silva, vereadora em Divinópolis, sempre soube o que era o amor
de mãe. No entanto, sua trajetória de maternidade foi marcada por
grandes perdas, incluindo gestação interrompida e a dor do luto
gestacional. A cada gestação, ela vivenciava novas emoções,
aprendizados e desafios. Mas, foi a dor da perda que a levou a
buscar formas de acolher outras mulheres em situações semelhantes.
Como parlamentar, Kell propôs o Projeto de Lei nº 05/2025, que visa
garantir separação de leito para mulheres que passam por perdas
gestacionais nas maternidades da cidade, para que elas possam ter
respeito e dignidade no momento mais difícil de suas vidas.
Para Kell, ser mãe é um ato de coragem, e, apesar da dor, ela nunca desistiu de seguir em frente. “O amor de mãe não conhece fim. Ele se renova a cada dia, mesmo no silêncio da saudade”, compartilha ela. Para Kell, a maternidade se reflete também no apoio a outras mulheres, algo que ela busca com o projeto e seu trabalho no legislativo.
O amor que desafia diagnósticos
A missionária Roberta Vivaz, mãe de quatro filhos, já era mãe
biológica antes de decidir adotar Isabela, uma bebê com
anencefalia, diagnosticada com uma condição que, segundo a
medicina, limitava suas chances de vida. Quando Roberta recebeu a
ligação que mudaria sua vida, ela não pensou nas estatísticas. Ao
contrário, enxergou em Isabela a chance de ser mãe de uma maneira
diferente, e desafiou todos os prognósticos. Com coragem, fé e um
amor imensurável, ela e sua família enfrentaram os desafios diários
de criar uma criança com necessidades especiais, ensinando a todos
ao seu redor o verdadeiro significado da maternidade.
“Ser mãe de Isabela não é só cuidar. É aprender a ouvir o silêncio, é comunicar com o coração, é viver todos os dias com um amor que, apesar das limitações físicas, é imenso”, diz Roberta, refletindo sobre sua jornada. Para ela, o amor de mãe não se define pelos anos que uma criança vive, mas pela qualidade do amor que se oferece — sem reservas, sem expectativas. Hoje, com 11 anos de Isabela, Roberta e sua família celebram a vida de sua filha e todo o aprendizado que ela trouxe para suas vidas.
A maternidade em dose dupla
Priscila Émika e Maíra Nogueira, um casal que compartilha o sonho
de ser mães, enfrentaram a maternidade de uma forma que também
rompe com barreiras e preconceitos. Juntas, elas planejaram a
chegada de Gaia, sua filha, por meio de inseminação artificial. A
experiência foi marcada por inseguranças, desafios e, finalmente,
pela chegada de uma filha que trouxe para elas a alegria de ser
mães em um contexto único, no qual o amor se multiplica.
“Ser mãe de Gaia é viver a maternidade em dose dupla. É ver o mundo com os olhos dela, é entender o valor de cada gesto e de cada palavra. E, principalmente, é nos lembrarmos todos os dias que nossa família foi construída por amor, e isso basta”, compartilham as duas. Para elas, a maternidade não é apenas sobre os vínculos biológicos, mas sobre o compromisso de cuidar e amar, independentemente da origem. O preconceito que enfrentam como casal LGBTQIA+ que criou uma filha é uma realidade com a qual lidam todos os dias, mas elas têm certeza de que o que importa, acima de tudo, é o amor que têm uma pela outra e pela sua filha.
O amor de mãe não se explica, se sente
Essas três histórias — de Kell, Roberta e do casal Priscila e Maíra
— nos mostram que a maternidade tem tantas formas quanto o amor. A
dor, a luta, a superação, o acolhimento e a coragem são elementos
que atravessam todas essas jornadas. O que une essas mulheres não é
apenas o fato de serem mães, mas a intensidade com que amam, a
força com que enfrentam os desafios e a generosidade com que
acolhem o mundo, mesmo quando a vida as testa de maneiras que
ninguém pode imaginar.
O Dia das Mães não é apenas sobre celebrações, é também sobre reconhecer e valorizar as histórias de todas as mulheres que, com seu amor, tornam o mundo um lugar melhor. Afinal, o amor de mãe não tem uma única definição, ele é múltiplo, complexo e, sobretudo, infinito. No final, como dizem Kell, Roberta, Priscila e Maíra, ser mãe é um ato de coragem — e o amor que sentimos por nossos filhos, seja biológico, afetivo ou escolhido, transcende qualquer expectativa.