Sua vocação para a arte e a música foi revelada muito cedo, quando aos 6 anos teve um impulso que o levou a pegar o Ray Ban modelo caçador de seu pai e um pequeno violão de plástico com 4 cordas e performar “Sandra Rosa Madalena” do Sidney Magal para as vizinhas da rua onde morava.
Antes dos 10 anos já tinha decidido que queria viver da música, passando a ver a vida através desse prisma e se submergindo no mundo das melodias, harmonias e ritmos.
Um fato considerado por Nandu como marcante em sua vida foi o contato com o mundo dos estúdios, onde se deslumbrou com as infinitas possibilidades que se abriram diante de seus olhos e deram asas a todos os seus conceitos sobre composição musical.
O mundo dos estúdios, além de lhe trazer muitos contatos com incríveis artistas dos quais absorveu muito conhecimento, iniciou em sua mente uma grande expansão do que considerava ser a melhor forma de alcançar as pessoas.
Desse momento em diante, entendeu que tudo o que fazia deveria ter um propósito, um sentido – que não era apenas o de entreter – e isso foi se materializando também através de outras ferramentas que buscou conhecer para expandir o alcance do que desejava transmitir às pessoas.
Leu muitos livros sobre psicologia, história, filosofia e literatura, e trouxe outras perspectivas para seu mundo de arte, sempre com o foco em fazer a diferença na vida do próximo.
Entrou no mundo do empreendedorismo puxado por esse propósito e assim, junto ao seu irmão Tiago Valverde, fundou a Kanope, criada para ser um meio para viabilizar pequenas e grandes transformações nas pessoas, cultivando um espaço onde se pudesse criar e realizar livremente, fazendo jus ao nome escolhido, de origem egípcia e que significa “aquele que cria”.
E foram esses ideais que aproximaram empresas como a Disney, que confiou ao Nandu e à Kanope a produção musical de grandes obras como A Bela e A Fera, Divertidamente, Moana, Viva a Vida é Uma Festa e mais recentemente, o Live Action Mulan, onde dirigiu a cantora Sandy na produção da canção tema do filme.
Como definido pelo próprio Nandu: “O propósito da KANOPE é entreter e informar por meio de histórias inspiradoras, contadas em forma de texto, música, filmes, representações ou peças gráficas. É levar conteúdo e arte a todos os lugares, espalhando mensagens capazes de tocar o coração e estimular verdadeiramente a vontade de transformar.”
No dia 11 de novembro de 2020, após sofrer uma perfuração em seu intestino delgado decorrente do rompimento de uma hérnia abdominal, Nandu foi internado e submetido a uma cirurgia de urgência. Este tipo de quadro pode gerar consequências graves e normalmente exige uma série de tratativas que tem um alto custo para o corpo físico e colocam o paciente em um estado de saúde um tanto delicado.
Durante o período de internação, Nandu contraiu o COVID-19 e seu tratamento foi então inteiramente voltado para a cura desta doença, que cedeu eventualmente e permitiu que o corpo médico retornasse para a tarefa de restituição de seu intestino e contenção do quadro de infecção generalizada no qual se encontrava.
No entanto, no dia 29/12/20, após 48 dias internado na UTI, seu corpo não resistiu à uma parada cardíaca às 05h da manhã.
Nandu tinha 44 anos e deixou sua esposa e três filhos. Será sempre lembrado como aquela pessoa de sorriso ameno e voz doce que esbanjava simpatia, empatia, gratidão, caráter e talento, tocando inúmeras vidas ao longo de seu caminho e deixando uma linda marca no mundo.
*Texto: Redação Kanope