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Missa Conga será celebrada neste domingo, 15 de maio

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Texto de Mauro Eustáquio Ferreira

Os congadeiros de Divinópolis participam da celebração da Missa Conga, às 13h30 deste domingo, 15 de maio, no Santuário de Santo Antônio, av. 21 de Abril, 655. O culto religioso comemora os 134 anos da assinatura, pela princesa Isabel, da Lei imperial n. o 3.353 (a conhecida Lei Áurea), de 13 de maio de 1888, que aboliu a escravatura no Brasil, a qual é lida durante a cerimônia. A tradicional cerimônia será presidida por frei Leonardo Lucas Pereira, OFM, que a vem celebrando por 45 anos ininterruptos em Divinópolis.

A concentração das guardas e dos Estados da Coroa de todas as irmandades participantes será às 12 h na praça do Mercado, seguida da procissão com as imagens dos santos patronos até o Santuário de Santo Antônio, conforme Arnaldo Mesquita Santos Júnior, presidente da Congregação das Irmandades Congadeiras, de Reinado, Festa de Cruz, Folia de Reis e Correlatas de Divinópolis (Congadiv). Os interessados poderão acompanhar as festividades pelas redes sociais da Congadiv (@congadiv) e da Secretaria Municipal de Cultura (@culturadivinopolis), no Instagram. Logo após a missa, será servido o Café de São Benedito para os reinadeiros participantes.

Além da comemoração da abolição da escravatura, há vários séculos a Igreja Católica dedica o mês de maio a devoções especiais à Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo, como a coroação à santa por meninas, a reza do terço ou do rosário. No Brasil, o Dia de Nossa Senhora de Fátima é comemorado em 13 de maio, data em que os católicos recordam a primeira das aparições de Nossa Senhora aos três pequenos pastores, Jacinta, Francisco e Lúcia, o que ocorreu na cidade de Fátima, em Portugal, no ano de 1917.

Missa tem nove ritos
A celebração de missas com a participação dos congadeiros ou reinadeiros na antiga matriz do arraial do Divino Espírito Santo do Itapecerica (hoje Divinópolis) está registrada em documentos da década de 1850, entretanto, a Missa Conga como se realiza hoje começou no final da década de 1960, a partir de pesquisas do folclorista, antropólogo e professor Romeu Sabará, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que constatou semelhanças entre o ritual da missa católica e o ritual dos congadeiros em várias circunstâncias (chegada à casa de alguém, almoço, agradecimento etc.). O professor Sabará constatou nove ritos para a Missa Conga, com músicas e danças próprias: ritual de entrada, penitencial, da palavra, do ofertório, da consagração, da amizade, da comunhão, de ação de graças e de despedida.

Essa primeira celebração está registrada no filme de curta-metragem “Congadas”, dirigido pelo cineasta, professor e padre Edeimar Massote, em 1976, com fotografia de Hélio Márcio Gagliardi, com a colaboração do padre Nereu de Castro Teixeira. A missa foi celebrada em Ouro Preto, com a participação especial das guardas: Caboclinhos e Catopê do Serro, Marujos e Moçambique de Belo Horizonte, Congo de Raposos, Candombe e Congo da Lagoa de Santo Antônio e Vilão de Oliveira.

Em Divinópolis, por sugestão do antropólogo e professor José Alaor Bueno de Paiva e com o apoio do Setor de Programas Especiais da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, a primeira Missa Conga, no rito atual, foi celebrada há 45 anos, em 15 de maio de 1977, defronte ao Santuário de Santo Antônio, pelo mesmo frei Leonardo Lucas Pereira, OFM, que desde aquela data vem repetindo a celebração anualmente, com a participação das várias irmandades de Divinópolis e eventualmente de cidades próximas.
Em seguida, a celebração litúrgica espalhou-se por cidades da região.

Calendário das festas em 2022
A celebração da Missa Conga, no próximo domingo, abre o ciclo do Rosário, período em que se iniciam as festas do congado ou reinado em Divinópolis, que se estenderão até o final do mês de outubro, de acordo com Arnaldo Mesquita Santos Júnior, presidente da Congregação das Irmandades Congadeiras, de Reinado, Festa de Cruz, Folia de Reis e Correlatas de Divinópolis (Congadiv).

Conforme o presidente da Congadiv, a primeira festa será promovida pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Branquinhos, na praça da Igreja Nossa Senhora do Rosário, nos dias 11 de junho (bandeira do aviso), 3, 16 e 17 de julho (levantamento das bandeiras e a festa do reinado). A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Amadeu Lacerda levantará as bandeiras em 26 de junho, próximo à Capela de Santa Luzia; suas festas ocorrerão em 23 e 24 de julho.

No bairro Tietê, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário inicia a novena em 21 de julho na Alameda Rio Perdido, nº 810, e as festas do reinado prosseguirão até 29 de julho. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito do bairro Porto Velho (rua Gonçalves Dias, nº 960) começa suas comemorações em 17 de julho, com a bandeira do aviso, e realiza suas festas de reinado entre os dias 12 e 15 de agosto.

No bairro Espírito Santo, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (rua Ouro Preto, nº 2.330) levantará a bandeira de aviso em 30 de julho e os festejos do reinado acontecerão no período de 24 a 29 de julho. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito do bairro Vale do Sol (rua Beirute, nº 70) fará o levantamento da bandeira de aviso em 31 de julho; as festas do reinado serão promovidas no período de 19 a 21 de agosto.

No bairro Vila Romana, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (rua Paulo VI, nº 370) terá o levantamento da bandeira de aviso em 6 de agosto; as festas do reinado ocorrerão entre 1º e 4 de setembro. A bandeira de aviso da Irmandade de Nossa
Senhora do Alto São Vicente (rua Geraldo Calção, nº 21) será levantada em 12 de agosto; entre 6 e 8 de setembro haverá tríduo; e no período de 9 a 11 de setembro acontecerão as festividades do reinado. Em 5 de outubro, a irmandade promoverá também a festa de São Benedito.

As festas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito do bairro São José ocorrerão na praça Elizeu Zica e Igreja Matriz de São José, entre os dias 16 e 18 de setembro. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito do bairro Nova Fortaleza II (rua Cascais com a rua Irã, nº 361) levantará a bandeira de aviso em 27 de agosto; suas festas de reinado serão promovidas no período de 23 a 25 de setembro. 

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos bairros Interlagos e Dona Quita (rua Waldemar Pereira Carneiro, nº 90, no bairro Dona Quita) fará o levantamento da bandeira de aviso em 5 de outubro, quando também ocorre a festa de São Benedito; entre 5 e 13 de outubro será rezada a novena preparatória para a festa de reinado, que acontecerá entre 14 e 16 de outubro.

Na praça do Mercado, antiga praça do Rosário, berço das festas do reinado ou congado de Divinópolis, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito levantará a bandeira de aviso em 26 de setembro; e as festas do reinado serão promovidas entre 21 e 23 de outubro.

A Lei Áurea
Assinada pela princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, a Lei nº 3.353 – a Lei Áurea, como ficou popularmente conhecida, anunciava o fim do regime escravocrata no Brasil. A abolição, porém, não foi imediata, uma vez que, naquela época, as notícias ainda demoravam a difundir-se, além da resistência de fazendeiros conservadores, que temiam perder escravos e, em consequência, seus lucros. Antes da assinatura dessa lei, entretanto, muitos negros já não eram mais escravos. Além das leis do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885), que libertaram os nascidos depois de 1871 e os maiores de sessenta anos, respectivamente, vários escravos estavam livres, pois já tinham comprado a própria alforria. Muitos outros haviam sido libertados graças às organizações de resistência, que também compravam cartas de alforria; a própria princesa Isabel comprou cartas de alforria para libertar escravos.

O texto da Lei Áurea é curto e resume-se no seguinte: “Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888. Declara extinta a escravidão no Brasil. A princesa Imperial, Regente em Nome de Sua Majestade o Imperador o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a
Assembléia Geral decretou e Ela sancionou a Lei seguinte: Art. 1º É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.

Manda, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém. O Secretário de Estado dos Negócios d’Agricultura, Comércio e Obras Públicas e Interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr. 67º 2005 da Independência e do Império. a) Princesa Imperial Regente. Rodrigo A. da Silva.”.

Essa lei foi assinada pela princesa Isabel, cujo pai, o imperador D. Pedro II, que sofria de diabete, encontrava-se em Milão, na Itália, para tratamento médico. Em carta ao pai para informá-lo da assinatura da Lei Áurea, a princesa regente escreveu: “Empereur Brésil, Milan. Acabo sanccionar a lei da extincção da escravidão. Abraço Papae com toda a effusão do meu coração. Muito contentes com suas melhoras. Commungamos hoje por sua intensão. Isabel.”.