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Mulher de 34 anos de Mateus Leme é resgatada em condição semelhante à escravidão

A mulher de 34 anos foi encaminhada ainda nesta segunda-feira para uma unidade de saúde em Mateus Leme onde foi internada por desnutrição – Foto Reprodução Polícia Civil

Depois de nove meses alimentando-se com restos de comida e sendo submetida a condições extremas de trabalho doméstico no Mato Grosso do Sul, uma moradora de Mateus Leme, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi resgatada da condição análoga à escravidão e retornou a Minas Gerais na manhã de segunda-feira (29).

Nesta segunda feira (29/3), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) acompanhou a chegada de uma mulher, de 34 anos, que vivia há pelo menos nove meses em situação de escravidão no Mato Grosso do Sul. Conforme apurado, a vítima, moradora de Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi levada à força por uma idosa de 70 anos para trabalhar em Campo Grande (MS). Lá, ela era mantida presa e prestava todos os serviços domésticos sem receber remuneração. Além disso, era proibida de manter contato com outras pessoas e comia restos de comida.

De acordo com a investigação, no último domingo (21/3), a vítima conseguiu fugir da casa onde era mantida em cárcere e foi encontrada na rua pedindo socorro. Ela foi auxiliada pela igreja e, logo depois, foi feito contato com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Campo Grande. Posteriormente, houve o acionamento da Delegacia de Polícia Civil em Mateus Leme. Segundo a delegada Ligia Barbieri Mantovani, titular da unidade da PCMG, tão logo tomou conhecimento do fato, a equipe de mobilizou para ajudar.

“Assim que soubemos, fomos ao endereço da mãe da vítima e, após, confirmamos os fatos, verificamos que procediam as informações prestadas. Essa mulher ficou na condição análoga à escravidão por cerca de nove meses. A mãe da vítima somente registrou um boletim de ocorrência em fevereiro deste ano e, ainda assim, contendo informações muito vagas, que não sinalizavam crime. Ela não falava em desaparecimento, apenas que a filha não fazia contato há muito tempo e que não sabia do paradeiro dela”, conta a delegada.

Integração

De posse das informações, a Polícia Civil de Minas Gerais e a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul começaram a manter contato e a investigar o caso. “Fizemos diligências, identificamos os familiares da vítima e, através de um trabalho conjunto das polícias, na data de hoje, acompanhada de uma conselheira tutelar, a vítima foi colocada num avião, desembarcou no aeroporto em Confins e foi recebida por nossa equipe”, informa Barbieri.

Ainda de acordo com a delegada, a vítima foi levada para Mateus Leme e deixada numa unidade de pronto atendimento médico para ser avaliada. “No momento, a vítima encontra-se internada. Ela está tomando soro, porque após consulta com o médico sinalizou uma possível desnutrição”, diz a delegada ao frisar a relevância do trabalho conjunto entre os estados.

“A integração entre as polícias permitiu a libertação e o socorro a essa vítima, que agora já está em casa, no seu seio familiar. Essa comunicação entre as equipes – inclusive por meios informais, por telefone, por aplicativos – que possibilitou a investigação e a identificação tanto da suspeita quanto do filho dela, que também estaria envolvido nesse crime”, conclui Ligia Mantovani.

Em razão da natureza do crime, a Delegacia em Mato Grosso destinou o caso à Polícia Federal, que dará continuidade à investigação. A Justiça do Trabalho também foi acionada para tomar as providências cabíveis.