As últimas cenas de horror vividas por uma criança de 10 anos, que ficou grávida após ter sido estuprada sistematicamente pelo tio no Espírito Santo acabaram por também estimular outras a denunciar. A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) repassou ao Jornal O Tempo, que entre janeiro e junho deste ano, 245 pessoas foram conduzidas por semana, somente em Minas Gerais, por estupro de vulnerável, ou seja, vítimas com idades de 0 a 13 anos. Em todo ano passado esse número foi de 276.
A polícia civil não acredita em acréscimo no número e estuda o relacionamento da pandemia com a prática criminosa. Sobre os números a Analista da polícia na área de psicologia Lusia Jaqueline de Araújo, grande parte da violência contra crianças e adolescentes é intrafamiliar. Durante o isolamento social, elas não estão frequentando a escola, nem tendo contato com pessoas fora de seus núcleos familiares, o que faz com que elas fiquem reclusas em casa, por vezes com seus próprios agressores.
Nesse contexto, a psicóloga enfatiza a importância da aproximação de pais e responsáveis para que a criança e o adolescente se sintam à vontade para relatar algum abuso sofrido. “Crie vínculos com seu filho, neto, sobrinho; com aquela criança ou adolescente próximo a você. Esteja atento, com um olhar cuidadoso, e perceba as alterações de comportamento”.