A recente publicação da entrevista com o jogador John Kennedy, ainda criança e atuando pelo Vasco da Gama de Divinópolis, trouxe à tona uma discussão relevante sobre a chamada “lei do clube formador” no futebol. Muitos têm se questionado se o time de Divinópolis teria ou não direito a uma parte em uma possível transferência do jogador para outro clube. A resposta a essa pergunta envolve vários fatores, como os registros e históricos do jogador ao longo de sua carreira.
De acordo com Vinícius Morais, gestor de futebol do Guarani, a reivindicação do clube formador dependerá da capacidade de provar que o jogador John Kennedy jogou no Vasco da Gama de Divinópolis durante um período específico. No entanto, um aspecto complicador é o fato de que, no “passaporte” do atleta, o Social Futebol Clube – MG é listado como seu primeiro time. Esse documento registra a trajetória do jogador, indicando os clubes pelos quais ele passou.
O direito de cobrança por parte do clube formador se baseia principalmente em competições oficiais registradas na Federação e na CBF, o que torna o processo mais simples de comprovar. No entanto, quando se trata de competições não oficiais, como o Tropical de Itaúna e o próprio Vasco da Gama de Divinópolis, a necessidade de reunir vídeos, documentos e súmulas de jogos torna o processo mais desafiador.
Outro fator importante a ser considerado é que a distribuição dos percentuais de direitos econômicos começa a partir do 12º aniversário do jogador. Até o 15º aniversário, o percentual é de 0,25%, e do 16º ao 23º aniversário, também é de 0,25%.
No caso específico de John Kennedy, o Social Futebol Clube tem direito a 40% sobre ele, de acordo com um acordo feito quando ele foi levado para o Fluminense.
Além disso, como as escolinhas de futebol de Divinópolis e região podem se beneficiar em casos semelhantes. A sugestão de Vinícius Morais é que esses clubes busquem regularizar seus registros na Federação Mineira de Futebol (FMF) e realizem o registro de iniciação, mesmo que não participem de competições oficiais. Isso pode abrir portas para possíveis reivindicações futuras quando seus jogadores se destacarem e forem transferidos para clubes maiores.
A história de Wesley Moraes, que passou pela Associação Esportiva Uberabinha durante a adolescência, serve como um exemplo de como os clubes formadores podem se beneficiar do Mecanismo de Solidariedade da Fifa. O Uberabinha recebeu uma parte significativa da transferência do jogador para o Aston Villa, o que impulsionou o processo de profissionalização do clube. Esse tipo de apoio financeiro pode ser um divisor de águas para equipes menores que desejam crescer e se desenvolver no cenário do futebol.